Espera (Os Lobos de Mercy Falls #2) - Maggie Stiefvater
Sinopse: Em Espera, Grace e Sam devem lutar para ficar em juntos. Para ela, isso significa desafiar seus pais e manter um segredo muito perigoso a respeito de seu próprio bem-estar. Para ele, isso significa lutar contra seu passado de lobisomem… e descobrir uma maneira de sobreviver no futuro. Adicione a essa mistura um novo lobo chamado Cole, cujo passado tem o potencial de destruir toda a matilha, e Isabel, que já perdeu seu irmão para os lobos, e, apesar disso, se sente atraída por Cole.
Deixarei claro que contém spoilers do primeiro livro, Calafrio, ao qual você pode conferir a resenha AQUI.
E antes de começarmos, preciso dizer que Espera é o clássico segundo livro de uma trilogia (que vem com um livro extra depois de muitos anos), e que cumpre bem seu papel de ritmo lento, com quase nada acontecendo, até o final um tanto mais agitado.
E é um ponto negativo em uma série que eu lembro ter amado muito antes de começar a reler.
A história não é tão fácil, por vezes repetitiva e cansativa, mas não deixa de ter momentos bem importantes para a trama toda.
Como diz a sinopse, o livro continua do momento em que Sam consegue deixar de ser o lobo que vivia em contagem regressiva, esperando o momento em que jamais seria humano de novo, e agora tem que se acostumar com a normalidade e a ideia de um futuro. Futuro que ele jamais pensou ter e que não sabe muito bem como será agora que Beck é um lobo e, provavelmente, jamais se transformará em humano novamente. O que deixa Sam responsável por muitas coisas, especialmente os novos lobos transformados por Beck.
"Esta é uma história de amor. Nunca imaginei que houvesse tantos tipos de amor nem que o amor pudesse levar alguém a fazer tantas coisas diferentes.
Nunca imaginei que houvesse tantas formas diferentes de dizer adeus."
Cole e Victor são os novos lobos e Sam acaba tendo pouco contato com eles, especialmente Victor, que parece não ter qualquer controle sobre suas transformações, o que o acaba fazendo ser humano em um minuto, e no seguinte um lobo.
Enquanto isso, Cole, amigo de Victor antes de se transformarem, acaba conseguindo se manter mais como humano e vai nos dando pequenos flashbacks e noção de como era a vida dele, e um pouco da de Victor, antes de Beck os transformar.
Então, enquanto Cole quer ser lobo muito mais que Victor e deixar sua vida de astro do rock para trás, esquecendo as drogas e decepções que ele tão bem causava nas pessoas... o caminho dele cruza com o de Isabel, que ainda está tentando lidar com a perda do irmão no primeiro livro, do jeito dela.
E é com essa convivência entre os dois que Isabel começa a ganhar mais espaço na trama, com seu jeito mais frio, respostas rápidas e todo um sentimento extremo que ela tenta esconder.
Enquanto isso, a personalidade de Cole de quem também não sente nada (e muitas vezes não sente mesmo), com um humor mais sarcástico, acaba fazendo dos dois uma dupla bem interessante.
"Tinha a ver com adormecer com as costas de encontro ao peito dele, de modo a poder ouvir seu coração desacelerar para bater junto com o meu. Tinha a ver com crescer e perceber que a sensação dos seus braços em volta de mim, o cheiro dele quando dormia, o som da sua respiração - que isso era aconchego e tudo o que eu sempre quis encontrar."
Por falar em dupla interessante...Sam e Grace. O que dizer?
Sam com todo o lado sentimental demais dele, dúvidas, vontades, receios... fez da trama algo totalmente mais tedioso, ao menos para mim. Enquanto tenta se acostumar com seu lado mais humano, ele fica tão perdido em si mesmo que ele e Grace acabam se descuidando e seus encontros ficam mais restritos.
O que nos faz ter muito de um Sam pensativo de um lado, e mais de uma Grace chateada e com problemas, de outro.
E os problemas dela parecem aumentar mais e mais. Ela anda se sentindo doente, um cheiro de lobo começa a ficar mais predominante nela, junto de uma febre sem fim. A trama toda acaba ficando presa nisso, com algo que não acelera, não muda, mas está ali e vai nos deixando tão tensos e nervosos quanto Grace. E seus pais, ahhh...seus pais. No primeiro livro notávamos o quanto eram negligentes. Nesse segundo, parecem resolver brincar de serem pais, o que a atrapalha imensamente.
"- Você não tem medo? - indagou repentinamente Isabel, e abri os olhos. Não me dera conta de tê-los fechado. O olhar dela era intenso.
- De quê?
- De se perder de você.
Respondi a verdade.
- É exatamente isso que quero que aconteça."
No resumo, o livro se trata disso. Cole e Isabel se conhecendo, ambos tentando esconder o que sentem sobre a vida, medos, arrependimentos e até entre si, já que ambos parecem se tornar uma válvula de escape para o outro. E temos Sam e Grace, tentando continuar com um relacionamento cheio de sentimentos e problemas que vão aparecendo e aumentando, como se não pudessem mais ter a tranquilidade do começo do relacionamento.
No fundo, é um livro beeeem parado, como disse no começo.
Não é uma leitura fácil e muitas vezes me vi querendo pular alguns capítulos de Sam, que me cansa mais do que me conquista. E comecei a desejar mais capítulos com a Isabel, porque Cole é recente demais para eu conseguir me adaptar ao seu jeito frio e achar que ele tem justificativas para ser assim.
O bom é que o final tem uma intensidade boa, que nos deixa mais aflitos e questionando o que poderá acontecer, finalizando daquele jeito que nos faz já querer pegar o terceiro e saber onde tudo vai dar.
"Eu sabia que era verdade. Se tivéssemos a oportunidade de fazer nossas confissões a alguém que realmente se importasse com elas, não haveria jeito de abrirmos a boca. Partilhar revelações é mais fácil quando elas não têm importância."
Como disse, um segundo livro que cumpre seu papel de levar a trama bem lentamente, com alguns adicionais que nos fazem ansiar por algo que não vem muito. Pelo menos não nesse volume.
Ainda assim, ser narrado por quatro personagens (Sam, Grace, Isabel e Cole) nos ajuda a ter uma visão maior e menos cansativa, o que deixa um pouco mais fácil de acompanhar todos.
E, apesar de toda a enrolação, anseio muito pelo próximo livro e por respostas.
"Doía me deixar levar pela lembrança de que eu era um veneno para todos que tocasse, mas, só daquela vez, foi legal a sensação de saber disso. Eu não era capaz de evitar minhas explosões, mas ao menos podia aprender a impedir as consequências."
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