Sr. & Sra. Smith (Temporada #1) || 2024
Um casamento sob contrato e um relacionamento que se torna seguro em um cenário perigoso...
Olá, amores! Mila aqui e irei falar sobre uma série que demorei demais para ver. A primeira temporada de Sr. & Sra. Smith está disponível na Amazon Prime e traz aquela famosa proposta que conhecemos no filme de 2005.
E sabemos que reimaginar a trama em formato de série se encaixa muito na atual fase hollywoodiana onde nada se cria, tudo se copia. Mas, a nova proposta encontra sua própria identidade ao usar um tom de espionagem intimista, quase doméstica. Em vez de reviver um casal já casado que descobre segredos um do outro, a temporada apresenta dois completos estranhos recrutados por uma organização sem rosto para viverem sob o mesmo teto e usarem os famosos codinomes, John e Jane Smith. Tudo isso enquanto executam tarefas enviadas, geralmente, a cada episódio.
E como isso funciona nesse novo formato? O casal recebe mensagens de texto de um chefe anônimo que tem protocolos rígidos, possui um limite de falhas e, acima de tudo, tem regras nem sempre tão claras sobre o que pode ou não entrar nessa vida de fachada (como família, passado e sentimentos). Em oito episódios, a série usa missões para mostrar discussões clássicas de casais como confiança, dinheiro, filhos, ciúmes, limites e, com isso, transforma cenas de perseguição em metáforas sobre compatibilidade. O que foi bem interessante porque, diferente do filme, o suspense do momento não envolve apenas entrar, agir e sair vivo, mas vira algo mais psicológico.
E para uma série assim funcionar, o desenvolvimento de personagens e suas personalidades se torna um ponto chave.
John (Donald Glover, que também foi um dos autores da série) é mais expansivo, propenso a quebrar regras por uma causa afetiva. Já Jane (Maya Erskine), opera com frieza metódica, tendo comportamentos considerados mais frios. Esse atrito produz caos entre dois tipos de situações: a profissional, onde temos quem lidera, quem confia e quem executa e a íntima, onde vemos o que se compartilha, o que se oculta e o que se imagina.
E o bom de ter personagens que variam entre essas situações, é que o roteiro conseguiu respeitar os dois pontos de vista: quando um parece “certo”, o episódio seguinte muda a nossa visão e revela o custo daquele acerto.
E claro que não paramos apenas no casal como personagens importantes. Cada aparição tem algum motivo e a série aproveita essas entradas e variações (como, por exemplo, a participação do Wagner Moura) para brincar com convenções de espionagem e adicionar um lado quase cômico, sem quebrar a ação.
Mas deixo claro que alguns episódios vem com um pouco mais de calma, fazendo com que a rotina do casal seja mais realista, apesar de alguns absurdos.
A série traz um questionamento interessante: se o amor exige verdade e o trabalho exige mentira, que chance tem um relacionamento que nasce exatamente dessa mistura? A resposta da série é interessante, trazendo um crescimento no relacionamento que, mesmo com pequenas atitudes dos dois, se torna algo muito maior depois. E tudo culmina em algo que só assistindo para saber.
O final, sem spoilers, me deixou impactada e pode tanto agradar quanto irritar alguns. Ao invés de entregar soluções fáceis, a conclusão estica o elástico até o limite: o casal precisa tomar decisões que não têm resposta correta, apenas custo diferente. É um desfecho que segue o modo como a organização manipulou tudo e, o importante é que, ao cair do pano, entendemos por que aquelas escolhas são as únicas possíveis para quem viveu sob esse regime de controle e vigilância. É o tipo de encerramento que gera debate, mas, sobretudo, fecha o arco emocional dos protagonistas de maneira satisfatória.
No fim, é uma série para ser apreciada em pequenas doses, sem desespero. Quem procura ação sem fim, caos, tiros, explosões... talvez estranhe o tempo que o roteiro dedica a conversas, silêncios e olhares que valem mais do que balas.
Em termos de legado, a primeira temporada entrega uma obra completa e, ao mesmo tempo, aberta a novas camadas. Não surpreende que a produção tenha garantido continuidade já que temos material para desenvolver muito mais.
E, até onde pesquisei, a ideia é que a segunda temporada mostre uma outra dupla que trabalha para a mesma agência.
Se você gosta de histórias de espionagem que entendem que o maior risco é se deixar conhecer, essa é uma dica que sinto que podem gostar =D
E, curiosos, segue o trailer:
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