Yakuza Fiancé: Raise wa Tanin ga li || 2024
Uma das melhores surpresas é ser pego de jeito por uma animação que subverte todas as expectativas. Foi o que aconteceu comigo: comecei a assistir Yakuza Fiancé sem saber o que esperar e, de repente, fui fisgada por uma trama que se revelou um dark de altíssima qualidade.
Uma reportagem virou o mundo de Somei Yoshino de cabeça para baixo. A máfia japonesa, a Yakuza, fechou um novo acordo, o que não seria novidade, já que seu próprio avô é uma figura importante nesse universo sombrio. O problema é que, no centro desse novo pacto de poder, está o seu nome, envolvido em um noivado arranjado com um desconhecido: Miyama Kirishima.
No entanto, Yoshino conhece bem as regras do jogo. Ela sabe que, nesse mundo, poder é a única moeda de troca e que o noivado é apenas uma peça em um tabuleiro muito maior.
A mudança repentina de Osaka para Tóquio, a fim de morar na mansão do clã de seu noivo, foi um choque para Yoshino. O alívio veio ao conhecer Kirishima, um jovem aparentemente simpático e normal. Mas a sensação de que ele está escondendo sua verdadeira face não a abandona.
Quando a máscara cai, ela percebe o quão errada estava. Yoshino foi entregue a um verdadeiro demônio. A reviravolta é que ele a subestima, sem nem cogitar que ela possa ser tão implacável quanto ele.
Em seu primeiro episódio, Yakuza Fiancé deixa bem claro a que veio. E, se você espera um romance leve e clichê, é melhor se preparar, pois a história entrega a realidade brutal de um casamento arranjado na máfia. A trama gira em torno de poder territorial, orgulho e risco de vida. Mesmo sendo adolescentes, os protagonistas compreendem as implicações de suas ações e a crueldade do mundo em que vivem. O que mais me impressionou foi a atitude de Yoshino que, ao contrário de muitas protagonistas, não se deixa cegar pela beleza de Kirishima e ignora suas atrocidades. Pelo contrário, se ele está disposto a destruí-la, ela está mais do que pronta para devolver o favor na mesma moeda. Essa atitude é o que torna a história tão instigante. Yoshino é muito mais do que um rosto bonito: ela sabe reconhecer o perigo e está pronta para lutar.
E é justamente a ousadia dela em revidar cada ataque que o deixa obcecado. Essa obsessão, que ele confunde com amor, gera momentos cômicos e mantém a gente (e a própria Yoshino) desconfiada. Por si só, Kirishima é um personagem difícil de decifrar: ele ri mesmo ao dizer as maiores atrocidades, e sua presença é marcada pela sensação de que está sempre escondendo algo, mesmo quando parece um livro aberto. É como se estivéssemos diante de um psicopata e seu mais novo brinquedinho. Mas Yoshino sabe muito bem que essa é a realidade.
A estranha relação entre eles se desenvolve lentamente, entrelaçada com a rotina implacável da máfia. Essa dinâmica, mais realista, é moldada pelas regras e pela violência do submundo, onde a diferença de poder entre homem e mulher é gritante. A dualidade de Kirishima é intrigante. Embora diga ter sentimentos por Yoshino, age como se não tivesse e se relaciona com outras mulheres por simples prazer (ou não). Ele espera que ela se apaixone por ele, mas a ideia de que os papéis poderiam se inverter é algo que o desestabiliza. A forma como a história aborda a realidade do relacionamento, com seus altos e baixos, é o que torna tudo tão cativante.
"A ideia de me deixar de lado, por estar se dando bem com outro cara de Osaka me deixa feliz. Mas posso colocar uma condição? Não vou me importar nem um pouco com quem quer que você namore. Porém, se for namorar, quero que faça tudo na minha frente. O ditado diz "entre tapas e beijos", mas não ligo de não ter nada de "beijos". No meu caso, "tapas" também são como uma recompensa. Mas isso só se aplica a pessoas em geral. Com você, é diferente, Yoshino. Como sou só eu que estou apaixonado, jamais conseguiria vencê-la. A cota de "tapas" e "beijos" precisa se equilibrar meticulosamente no fim. Em outras palavras, se for me trair, quero que beije, transe, faça tudo na minha frente. Quanto a mim, me amarre em uma pilastra, eu não ligo. E, no fim, eu vou matar esse homem. Desse modo, poderei equilibrar os "tapas e beijos"."
A motivação que prende Yoshino a Kirishima é convincente. Por mais que não goste da situação e o ache imprevisível, ela sabe que ele é a única pessoa em quem pode confiar em Tóquio. O relacionamento deles é a peça-chave para evitar ou iniciar uma guerra. Por isso, mesmo tentada a tomar medidas drásticas, a jovem age com cautela, especialmente quando Shoma, um membro de seu clã, entra em cena. A rivalidade entre Shoma e Kirishima é evidente: ambos a querem, e isso traz à tona o que cada um tem de pior.
Em termos de violência, a animação não economiza. As cenas são explícitas e gráficas, mostrando que, para se manter no poder nesse submundo, é preciso ganhar cicatrizes. O anime também conta com cenas sexuais. Por isso, é fundamental verificar a classificação indicativa antes de assistir, pois definitivamente não é um conteúdo para o público infantil.
Com 12 episódios, a primeira temporada fez um trabalho excelente ao adaptar os oito primeiros volumes do mangá, deixando os fãs ansiosos por mais. Apesar do sucesso de público, a espera por uma segunda temporada continua incerta, principalmente porque a obra original está em hiato, sem previsão para a publicação de novos volumes.
Se você busca uma história de máfia com personagens intensos e um relacionamento fora do comum, chegou ao lugar certo. Este conteúdo é para quem gosta de um toque de insanidade.
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