Adolescência || 2024

 




Uma promessa de intensidade que se perde na lentidão narrativa já que há uma diferença importante entre contemplação e paralisação...


Olá, amores! Mila aqui e venho falar sobre uma série que estava na boca de todos. Como notaram pelo título, não foi uma série que me surpreendeu apesar de todo o hype. E aproveitando que a produção teve 13 indicações ao Emmy, irei pontuar o que acho que fez a trama desandar. 

 Se aceita entender um outro lado, bora lá!

Produzida por Stephen Graham e lançada em 2024 pela Netflix, Adolescência chega com ares de ser uma série sensível, introspectiva e socialmente relevante. A proposta é clara: mergulhar nas dores, dilemas e falta de conexão dos jovens britânicos diante dos desafios do amadurecimento em um mundo marcado por instabilidade emocional. No entanto, o que poderia ter sido um retrato da juventude atual acaba por se revelar uma experiência lenta, basicamente arrastada.





Desde os primeiros episódios, é evidente que a trama busca autenticidade. A paleta de cores fria, o ritmo que nos faz analisar cada detalhe e o olhar quase documental sobre seus personagens sugerem que estamos diante de uma narrativa que quer evitar estereótipos. O problema é que, ao evitar a intensidade típica de dramas juvenis com os altos e baixos emocionais, os confrontos verbais, os rompimentos, paixões e gritos... a série acaba mergulhando em um silêncio que se aproxima do tédio. Há uma diferença importante entre contemplação e paralisação, e "Adolescência" infelizmente se inclina mais para a segunda opção.

Com episódios que beiram uma lentidão quase paralisante, o que vemos é uma sucessão de cenas introspectivas que não caminham para lugar nenhum. A falta de ritmo pareceu tão grande para mim que mesmo os momentos potencialmente dramáticos como a cena com a psicóloga... parecem anestesiados. E não nego que é uma cena boa, já que ela segue um ritmo intenso porém ainda contido, como todo o desenvolvimento anterior. 





É verdade que a proposta estética da série é interessante: câmera na mão, takes longos, diálogos realistas (e muitas vezes desconfortavelmente pausados) e trilha sonora quase inexistente. Admito que AMEI com intensidade que tudo tenha sido filmado da forma que foi, mas nem isso foi suficiente para salvar o roteiro lento.
Stephen Graham opta por uma narrativa "quieta", que remete ao cinema europeu contemporâneo. No entanto, a escolha não funciona plenamente aqui porque o roteiro não oferece camadas suficientes para sustentar esse tipo de abordagem. A sensação de tédio (para mim) foi constante, e não por tratar de temas pesados, mas pela falta de construção narrativa eficiente.

O protagonista, Jamie Miller, interpretado por Owen Cooper em seu primeiro papel, entrega momentos de vulnerabilidade genuína, mas o roteiro não lhe dá espaço suficiente para crescer ou se expressar plenamente. E repito, apesar da cena marcante com a psicóloga do momento (Erin Doherty), por termos "pouco" desses momentos intensos e realistas, senti que é um dos poucos ápices da série.
Seu pai, Eddie (o próprio roteirista da série), sua mãe, Manda (Christine Tremarco) e a irmã Lisa (Amélie Pease), trazem uma tensão emocional muito maior por mostrarem o lado do que acontece com quem foi pego de surpresa por um crime inesperado, causado por alguém que amavam tanto e mal podiam imaginar que seria responsável por tamanha violência. Mas, repito, tivemos pouco de cenas intensas que nos conectassem totalmente com os personagens. 





Alguns críticos argumentam que a série é um retrato honesto de uma geração desiludida e sem rumo. De fato, a juventude retratada em "Adolescência" está anestesiada e talvez esse seja o ponto. Porém, mesmo quando a apatia é tema, a narrativa precisa engajar, provocar ou, ao menos, sugerir tensões internas. Aqui, a apatia se espalhou para mim, tornando a experiência de assistir à série mais um exercício de paciência do que de emoção.

Ao final, "Adolescência" deixa um gosto agridoce ou, para alguns como eu, apenas amargo. A intenção de criar um drama sério, que trate os jovens com complexidade, é legítima. Mas a execução falha ao entregar uma narrativa tão lenta que torna difícil criar qualquer tipo de vínculo com a história. Para espectadores que apreciam séries contemplativas, com ritmo pausado e reflexões sutis, pode haver valor aqui. Mas para quem busca emoção, envolvimento ou mesmo algum senso de desenvolvimento dramático claro, a série decepciona.




A produção parece ter confundido profundidade com lentidão, mas acho que quem se incomodou com isso é minoria e estou nesse pequeno bolo de pessoas. Para muitos, falta de explicações (como o que é um incel porque, acreditem, nem todos sabem) e ausência de conexão não parece incomodar. E como tudo é relativo, assistam e tirem suas próprias conclusões =D

Para quem não viu e ficou curioso, segue o trailer: 



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