What We Do in the Shadows || 2019 - 2024

 



Uma comédia vampiresca que é bizarra, cheia de sátiras e que nos envolve graças a personagens totalmente cativantes!


Olá, amores! Mila aqui e venho com prazer falar sobre uma série que acho que poucos conhecem e que é uma delícia caótica de assistir. É raro encontrar um seriado que, ao longo de cinco temporadas, consiga manter sua originalidade e relevância sem se perder nas armadilhas da repetição. What We Do in the Shadows, criada por Jemaine Clement e baseada no filme de 2014, é uma dessas joias raras. Exibida entre 2019 e 2024 e atualmente disponível na Disney+, a série é uma prova viva de que o humor, quando aliado à criatividade e um elenco carismático, pode dar vida a temas saturados da ficção como nesse caso com os famosos vampiros.





Ambientada em Staten Island, Nova York, a série acompanha o cotidiano de quatro vampiros que vivem juntos em uma mansão decadente: Nandor, o Implacável (Kayvan Novak); Laszlo Cravensworth (Matt Berry); Nadja (Natasia Demetriou); e Colin Robinson (Mark Proksch), um vampiro de energia que se alimenta do tédio e da frustração alheia. Com eles temos Guillermo (Harvey Guillén), familiar de Nandor e eterno aspirante a vampiro. Filmada no estilo mockumentary —  (um falso documentário no estilo The Office), a série brinca com a estética documental para expor a completa falta de noção e integração dos vampiros com o mundo moderno.

Só com isso, a série já parece seguir um caminho interessante, mas o enredo não se contenta com piadas fáceis sobre vampiros deslocados. Ao longo das temporadas, a série constrói um universo próprio, onde seres sobrenaturais coexistem de maneira cômica com a burocracia humana, redes sociais, festas de bairro e eleições de condomínio. O contraste entre os personagens antiquados e o mundo atual é o combustível do humor da série! 



Parte fundamental do sucesso da série claramente está no elenco. Kayvan Novak interpreta Nandor com uma mistura perfeita de pomposidade e vulnerabilidade. Seu sotaque exagerado, suas tentativas patéticas de liderança e sua dependência emocional de Guillermo o transformam em um protagonista ao mesmo tempo caricato e profundamente humano. Matt Berry, por sua vez, é um mestre da entonação cômica: Laszlo é vulgar, impulsivo e completamente autocentrado, mas jamais se torna enjoativo. Cada frame com ele traz uma dose do que conhecemos nos vampiros sábios, que não oferecem tanta sabedoria assim. 

Natasia Demetriou brilha como Nadja, talvez a personagem mais espirituosa da série. Ela transita entre o sarcasmo, o erotismo exagerado e uma inesperada ternura com uma leveza impressionante. Mark Proksch, como Colin Robinson, oferece uma performance única: um personagem que é, por escolha, o mais entediante possível e, ainda assim, engraçado. E por fim, Harvey Guillén entrega profundidade emocional como Guillermo, o único humano da casa, constantemente dividido entre seu desejo de ser vampiro e sua consciência moral. Ao longo das temporadas, Guillermo revela-se não apenas um personagem coadjuvante, mas um pilar da narrativa e da emoção da série.



O humor da série é, ao mesmo tempo, cheio de sátiras e totalmente cativante. A série ri dos clichês do gênero indo das capas longas ao medo de crucifixos, da imortalidade entediante ao uso de morcegos como transporte, mas nunca com desprezo. Há um respeito evidente pela mitologia. É uma comédia que entende os limites e os encantos do sobrenatural, e que os utiliza para criar situações absurdas, mas coerentes dentro do seu universo.

Esse cuidado é refletido também na direção de arte e nos efeitos especiais. Embora com orçamento televisivo, a produção nunca deixa a desejar visualmente. Os cenários, figurinos e efeitos práticos são parte integrante da comédia. Nada aqui é deixado ao acaso: o ridículo parece bem construído.





Ao longo de suas cinco temporadas, a série soube se reinventar sem perder sua essência. Cada temporada apresenta novos desafios cômicos para os personagens, sejam eles envolvendo clubes secretos de vampiros, parentes ressuscitados, clones energéticos ou tentativas desastradas de fama. Há espaço para críticas sociais sutis, para explorar dinâmicas de poder e até para desenvolver arcos dramáticos inesperadamente comoventes, como o de Guillermo.

A quinta e última temporada encerra a série com um equilíbrio admirável entre nostalgia, evolução e coerência temática. Em vez de buscar grandiosos desfechos ou choques gratuitos, a série opta por continuar sendo fiel à sua premissa: vampiros eternos, sim, mas eternamente disfuncionais. O encerramento é melancólico na medida certa, cômico como sempre e satisfatório para os fãs que acompanharam a jornada até o fim.





What We Do in the Shadows é uma série que desafia classificações fáceis. É comédia, é terror, é sátira, é uma crônica sobre a amizade e sobre os absurdos da vida moderna através de olhos (e presas) milenares. Seu humor é estranho, seu ritmo pode parecer deslocado a quem não está acostumado ao estilo, mas sua originalidade é inegável.

Para os fãs de comédias inteligentes, sátiras sobrenaturais e personagens excêntricos que crescem com o tempo, esta é uma obra imperdível. E como diriam os vampiros da série... “BAT!


Para os curiosos, segue abaixo o trailer da primeira temporada:




Comentários

Postagens mais visitadas