Mahoutsukai No Yome e a Magia sutil da fotografia




Formato: Anime
Genero: Fantasia , Magia , Shounen , Slice Of Life , Sobrenatural
Autor: Kore Yamazaki
Direção: Norihiro Naganuma
Estudio: Wit Studio

O Anime é inspirado no manga escrito e ilustrado por Kore Yamazaki, editado pela Mag Garden em sua revista Monthly Comic Garden.

Sinopse:  Hatori Chise tem apenas 16 anos, mas ela já perdeu muito mais do que o esperado. Sem uma família nem esperança, parece que todas as portas estão fechadas para ela. Mas um encontro acidental começou a mover as rodas enferrujadas do destino. Na sua hora mais escura, um misterioso mago aparece diante de Chise, oferecendo uma chance que ela não poderia recusar. Esse mago, que parece mais um demônio do que um humano, irá ele trazer a ela a luz que desesperadamente busca, ou afogá-la em sombras ainda mais profundas?

Mahoutsukai No Yome também conhecido como “The Ancient Magus Bride” é uma obra de enredo profundo e repleto de metáforas. O desenvolvimento de personagens é soberbo, a fotografia é excepcional e a animação em si é acima da média.
De fato, reservo poucos pontos onde posso apontar falhas na obra, talvez algo sobre o timing do roteiro, o fim um pouco morno e a falta de mão do diretor em algumas cenas. Mas, no geral a obra é surpreendentemente boa, e acho que de todos os aspectos bem trabalhados que a obra apresenta, talvez o enredo seja o melhor.



Chise é a personagem principal. Uma menina humana que se vê sozinha no mundo.
Seu pai desapareceu, sua mãe se suicidou, e desde pequena ela é assombrada por estranhas entidades que a perseguem e algumas vezes a atacam, entidades que apenas ela pode ver.
Chise é dada como esquizofrênica pela própria família e abandonada no mundo. Seu desespero é tanto que ela chega a se vender como escrava e assina um contrato permitindo que ela fosse vendida em uma espécie de leilão do submundo. Durante esse leilão, um homem peculiar com um crânio de animal no lugar da cabeça a encontra e faz um lance, a toma como sua, e desse momento em diante Chise é feita uma aprendiz de Mago.




Durante a obra eu não pude deixar de comparar a situação com a Bela e a Fera, uma jovem aprisionada por uma criatura que a trata como convidada porém ao mesmo tempo deixa claro que sua posição é de prisioneira. Porém, em dado momento da obra, Chise tem a opção de abandonar sua vida de aprendiz de mago e ela nega, pois afirma que mesmo que a besta estivesse mentindo para ela, ainda assim em muito tempo foi a primeira criatura que a fez se sentir bem vinda. Foi a primeira criatura que dividiu um pouco de afeto com ela e mesmo que fosse mentira, essa mentira era muito mais do que ela havia tido na vida.
Nesse ponto a obra passa a abordar de forma mais profunda a depressão e a dependência afetiva.
Ao longo de todo o contexto mesmo Elias, como se chama a besta que se apossou de Chise no leilão, é imaturo emocionalmente falando. Diversas vezes com um comportamento infantil e até perigosamente tóxico devido ao ciúmes, apesar de ser uma criatura com algumas centenas (quando não milhares) de anos de vida, ele mesmo é praticamente uma criança quando se trata de inteligência emocional.




Além desse foco na depressão e na dependência afetiva de ambos os protagonistas, outros personagens ao longo da série vão desenvolvendo os próprios dramas, como a aprendiz de feiticeiro Alice, que rivaliza com Chise.
E até mesmo o grande antagonista Cartaphilus que vive a dualidade de uma imortalidade repleta de dor e vazio existencial e procura uma forma de encerrar sua existência nem que para isso ele tenha que prejudicar seja quem estiver no caminho de suas descobertas.





Por outro lado eu estaria mentindo se dissesse que a obra é fácil de acompanhar.
Apesar de alguns arcos entregarem um certo drama, tensão e até empolgação, alguns capítulos se arrastam e passam a impressão de que absolutamente nada aconteceu.
Claro que a maioria dos capítulos compensa isso com algumas cenas estonteantes de fotografia impecável, e é inegável a importância de determinados diálogos para o entendimento da obra como um todo.
Ainda assim, o sentimento que tenho é de que eles poderiam ter acelerado determinados aspectos da obra e compactado alguns diálogos para manter o sentimento de tensão e entregar algo mais empolgante.




Um gosto pessoal meu dentro dessa obra é a descrição da magia, o como a magia é tratada e trabalhada e quais os principais fatores da magia.
Algo que o autor fez muito bem é nos introduzir à esse mundo de forma amena e sinto que, conforme Chise vai entendendo melhor sobre a magia, nós também acabamos nos familiarizando.
Além de uma pesquisa muito bem feita e inúmeras referências a cultura celta, grega e anglo saxônica em geral, o trabalho de pesquisa da obra é realmente um dos pontos fortes do autor.

Com relação aos dados técnicos, talvez eu esteja me repetindo ao falar da fotografia, mas é de fato um dos aspectos mais marcantes da obra.
A trilha sonora é cativante e algumas vezes é pontual para definir a cena, mas o final morno e parcialmente aberto me deixou um tanto decepcionado.



Não sabemos se terá uma nova temporada ou não, mas alguns mistérios permeiam no ar e algumas resoluções foram demasiadamente simples para a complexidade dos problemas. Isso talvez tenha sido uma falha do enredo, além de algumas cenas que deixaram a desejar.
O diretor tinha possibilidade de melhorar com um ângulo de câmera diferenciado ou uma trilha mais imponente, mas no fim a obra é acima da média, um sólido 8/10.

Deixo a recomendação para todos que procuram uma obra profunda e repleta de cenas emocionais e fotografias lindas!




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