Projeto LGBT+ - Semana 2





Olá Amigx da internet!
Seu miasma ambulante de plantão, Thiago, vindo dar a palavra  pelo Sobencomenda.

Quando a Camila veio compartilhar conosco a proposta LGBT uma das primeiras coisas que pensei foi “Existem algumas animações que levam essa bola, sim. Mas se for para falar de LGBT e Feminismo, a Korra é a melhor protagonista para isso”.

Eu poderia me focar na Major de Ghost In The Shell, mas a Korra se tornou um ícone para mim nesse aspecto pois a luta dela não foi somente dentro da animação, os bastidores da produção foram conturbados e ao que tudo indica, isso se deu pelo canal que vinculava a animação, Nickelodeon, que desaprovou veementemente que a protagonista tivesse uma relação amorosa com alguém do mesmo sexo!





Existem muitas questões a serem levantadas a respeito, mas antes de mais nada vamos falar sobre AVATAR. E não, eu não me refiro aos gigantes azuis que falam com a natureza através de seus dreads… Não, eu falo da obra que estreou em 2005 co-criada por Michael Dante DiMartino e Bryan Konietzko, ambos idealizadores trouxeram bastante influência oriental para a confecção desse anime (sim Avatar é um anime. Ele se enquadra dentro do movimento, e prometo que discuto sobre isso mais tarde no blog).

O Anime de 2005 tem como foco um protagonista masculino chamado Aang, e a história consiste em um mundo fantasioso onde as pessoas têm a capacidade de controlar elemento. Cada nação tem um elemento que tem maior controle, a Tribo da água, o Povo da terra, A Nação do fogo e os Nômades do Ar. Dentre estes que têm a capacidade de controlar um dos elementos, nasce alguém capaz de dominar os 4, este ganha o Título de AVATAR e é tratado como um líder religioso por muitos.
O Anime AVATAR: A Lenda de Aang, acompanha o protagonista que esteve em hibernação por 100 anos tentando se situar em um mundo que está em guerra pois a nação do fogo resolveu tomar o poder para si e começou a investir contra as demais, extinguindo os Nômades do ar, tornando Aang o último sobrevivente de seu povo.




Eu já poderia falar muito a respeito dessa obra, ela é completa cheia de desenvolvimento, ótimas cenas de ação, um roteiro e enredo bem bons e com personagens fortes. Inclusive personagens femininas muito fortes, tanto vilãs como heroínas.
Um marco de que os autores se ligavam bem no feminismo dentro da obra é o de que uma da heroínas tem praticamente um confronto direto com o patriarcado e conquista seu lugar e respeito devido. Porém, se eu for desenvolver isso aqui, talvez ocupe espaço demais nesse texto!

O importante de saber sobre a série AVATAR é que ela foi um Hit e conquistou vários fãs. Justamente por todas essas características de boa produção que citei anteriormente, ela deixou uma impressão muito boa!
Um hit que tornou-se um dos carros chefes do canal e que quando acabou, deixou um vazio no peito dos fãs. Um vazio que durou de 2008 (ano que se encerrou a série) até 2010 quando Brown Johnson, presidente da Nickelodeon, anunciou que o Estúdio estava produzindo uma continuação da série com uma nova personagem como avatar, e assim em 2012 somos presenteados com AVATAR a Lenda de Korra.





A Lenda de Korra já começa mostrando que será totalmente diferente de seu predecessor, Enquanto em a Lenda de Aang um dos principais desafios do Avatar era se tornar mestre dos quatro elementos, algo que ele desenvolve vagarosamente ao longo de toda a série, Korra já se mostra um avatar prodígio apresentando domínio de 3 dos 4 elementos ainda em sua infância. Porém logo no início, se apresenta a dificuldade da Avatar de dominar o Elemento Ar, e isso se dá pela ligação espiritual que os dobradores desse elemento tem. Korra não é uma Avatar espiritualizada como foi Aang, apesar de ser uma exímia lutadora e uma pessoa de princípios firmes, seu elo espiritual no início da obra é fraco.
Essas diferenças são importantes pois isso também mostra em que tipo de sociedade a nova Avatar vive.
Como eu disse anteriormente, o Avatar é visto como um líder espiritual, e se ela não fosse capaz de mostrar isso, provavelmente perderia sua utilidade.
Mas os conflitos de Korra são muito mais políticos do que os de Aang.
Teoricamente, a Avatar nasceu em uma era de paz onde as nações não encontram-se em guerra e estão em harmonia. Então os conflitos que se dão durante sua jornada são um pouco mais sutis a princípio.





Apesar da animação ter uma quantidade bem generosa de ação, o enredo dela é bem mais cheio de intrigas do que o primeiro e Korra luta o tempo todo para ser reconhecida pelo o que ela considera ser o certo, às vezes passando por cima até de seus mestres.
Um conflito direto de ideologias onde ela aspira por uma evolução enquanto alguns se mantém tradicionalistas. Mas tal como Aang, a Avatar precisou amadurecer ao longo da série para enfim conseguir se posicionar de forma firme e defender seus ideais.
Esse amadurecimento se deu tanto no aspecto de sua evolução como Avatar quanto em seu autoconhecimento. A adolescente enérgica e indulgente que se faz presente durante a maior parte do primeiro arco logo vai dando espaço para uma mulher mais segura e assertiva, e isso se reflete inclusive em seus relacionamentos!




Korra teve dois interesses amorosos durante a obra e o primeiro foi Mako, um jovem de aspecto charmoso e habilidoso dobrador de fogo.
Esse relacionamento foi confuso e conturbado para ambos e teve um fim relativamente rápido, tal como seu início.



O segundo interesse amoroso de Korra foi um desafio, não só para a personagem mas também para seus criadores, pois como eu disse anteriormente a Nickelodeon quis vetar esse interesse do roteiro de um jeito não oficial. Não houve declaração explícita por parte do canal porém, devido a essa sabotagem deliberada ter vindo na reta final onde esse relacionamento começa a se consolidar e tudo que ocorreu posteriormente, é uma das conclusões mais óbvias.
O que ocorre é que Korra se apaixona e é correspondida por Asami, um amor muito mais lógico tendo em vista o desenvolvimento do casal.
Asami também Namorou Mako e a convivência entre as duas aos poucos foi progredindo para além da amizade. A construção do relacionamento delas é muito mais madura do que a paixão adolescente e fervorosa entre ela e Mako, mas o relacionamento de ambas não foi bem visto pelo canal. Então, a série enfrentou várias adversidades, cortes de verba, retirada do canal de TV sendo exibida apenas pelo site da Nickelodeon, assim diminuindo o alcance de público da mesma.

















Tamanha foi a briga entre os criadores e o canal que os últimos cinco episódios foram vazados propositalmente na internet, mas o relacionamento de Korra e Asami é canônico e tem sua continuidade nos quadrinhos escritos por Michael Dante DiMartino. Inclusive, na história The Legend of Korra: Turf Wars eles não só situam melhor o relacionamento entre Korra e Asami, como falam também sobre outros avatares e suas sexualidades.




Para os fãs da série dentro desse HQ que foi lançado pela Dark Horse, tem uma passagem sobre a Avatar Kyoshi, uma das predecessoras de Aang, onde falam sobre ela ser bissexual e o como o povo da terra tem um viés mais duro a respeito disso.


Como eu havia dito a luta de Korra foi para muito além de sua série animada, talvez por isso meu apego tão grande a personagem, o desenvolvimento dela é estrondosamente maior do que da maioria dos outros heróis desse tipo de série de ação, desde a aceitação de suas dificuldades até a aceitação de si mesmas a personagem marcou, mas não é a única mulher dentro da série que se mostra independente e decidida, a própria Asami tem seu desenvolvimento e bem antes disso ainda em a Lenda de Aang tivemos as Guerreiras Kyoshi, a Azula, a Toph, a Katara eu poderia citar uma lista bem grande de mulheres fortes dentro do universo Avatar, ele é bem rico nesse aspecto!

Os dados técnicos das séries são bem bons. Houve uma entrega de animação consistente apesar dos cortes que o canal fez e um episódio ter sido feito em clipart (reciclando imagens de episódios anteriores).
Mesmo com a queda da qualidade de animação que se deu devido aos cortes, o roteiro se manteve consistente e sem furos. O carisma das personagens fez toda a diferença e as cenas de ação tinham seu brilho.

A lenda de Korra é um 7/10 em termos de animação, mas um 10/10 em representatividade!

Fica a dica para quem quiser ver essa obra prima que lutou até o fim para permanecer com seus ideais <3  




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