A Invenção das Asas - Sue Monk Kidd

Eu era esperta como a Mamã. Mesmo aos 10 anos eu já sabia que aquela história de gente voando era pura lorota. Não eramos um povo especial que tinha perdido a magia. Éramos escravos e não íamos a lugar algum. Mais tarde eu entendi o que ela queria dizer. A gente voava, sim,mas não tinha mágica nenhuma naquilo. - Encrenca


Sinopse: Sarah é uma garota branca que sonha em ser advogada e acabar com a escravidão. Encrenca é uma garota negra que sonha em ser livre. Ambos sonhos parecem impossíveis no início no século XIX,mas, juntas, aprendem a torná-los possíveis e, para isso, enfrentam todas as regras da sociedade que vivem.

Esse foi o primeiro livro de junho (da lista de livros TBR) e preciso dizer logo de cara: Que livro! É impossível resumir os sentimentos que tive ao longo do começo do livro e pior ainda, conforme fui avançando na história. Então sem mais, vamos à resenha, sem spoilers, mas com muita emoção.

Correndo desde 1803 até aproximadamente meados de 1838 somos apresentados a duas jovens de vidas extremamente opostas, de um lado temos Encrenca, uma garota escrava que é chamada por seus donos de Hetty, enquanto do outro está Sarah Grinké, uma garotinha que aos 11 anos já se sente desconfortável diante da escravidão, mas é branca, de família rica e escravagista e claro, o pior: É mulher.

As duas são levadas a se conhecerem pelo destino e então, o que era improvável acontece, uma amizade que leva ambas a quebrarem barreiras e descobrirem novos caminhos para o que parecia ser apenas uma vida sem saída para as duas.

Não é preciso ler o livro para saber que as partes mais dolorosas da história ficaram para Encrenca, em alguns momentos eu sentia como se fervesse de raiva por um sistema que permitia aquilo, por humanos olharem para outros humanos e julgarem que "está certa, tem que sofrer mesmo, merecem, se não sofrerem não teremos riquezas".

A autora conseguiu apresentar de forma cuidadosa a história real e abraçá-la com a ficção, sem perder o contexto ou deixar de lado pontas soltas.
Sem dúvidas, uma das leituras que nos mostra o que claramente é a luta de muitas mulheres, desde 1803: Serem ouvidas e respeitadas como um igual, sem distinção de raça, classe social ou qualquer outrem.

As pessoas dizem para não olhar pra trás, que o passado é o passado, mas eu sempre olharia para trás. - Encrenca

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