Todo Dia - David Levithan





Sinopse: Todo dia A acorda em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.


Prontos para se permitirem ler um dos livros juvenis mais incríveis na vida? Sim? Ótimo!
Podem ler a resenha ouvindo Everything Has Changed (feat. Ed Sheeran) -Taylor Swift

A narrativa acompanha A, nesse estado totalmente fora de controle de acordar cada dia no corpo de uma pessoa diferente. O incrível de tudo isso é que, apesar de todos os corpos em que acorda terem 16 anos, passamos por várias personalidades e situações.
Vamos desde um dependente de drogas que acaba sendo obrigado a sofrer de abstinência por uma escolha de A, até uma garota que frequenta a igreja aos domingos com os pais. E é dessa maneira que Levithan aborda temas importantes como os relacionamentos familiares, tradições, depressão, maneiras de viver, preconceitos, sexualidade, aparência e seus valores até o famoso relacionamento adolescente.
Apesar de nunca ter encontrado uma resposta para isso, A aceita que tem que viver seus dias assim, ciente de que nunca deve criar laços com ninguém e evitar estragos ao corpo e a vida da pessoa que ele domina por um dia inteiro. Devido à isso, A se vê sempre vivendo uma vida solitária, apenas de momentos vazios .

"- É só que, sei que parece um modo horrível de se viver, mas eu já vi muitas coisas. É muito difícil ter uma noção verdadeira do que é a vida quando se está num único corpo. Você fica tão preso a quem você é. Mas quando quem você é muda todos os dias, você fica mais próximo da universalidade. Mesmo dos detalhes mais triviais. Você percebe que as cerejas têm gosto diferente para pessoas diferentes. Que o azul parece diferente." 

Apesar de todas as regras que A sempre teve que seguir, a trama começa a mudar um pouco quando notamos que ele se permite guiar por sentimentos. E é em um desses dias em que o sentimento fala mais alto e A resolve mudar tudo. Ele aceita dar e receber um dia diferente, mudar sensações, experimentar algo por um bem maior, o tão famoso "amor". E ele se vê feliz, realmente feliz e desejando que o dia nunca acabe ao notar que havia amado ter mudado as coisas e feito uma garota feliz.
Rhiannon é a garota responsável por fazer A acordar todo dia e querer se aproximar. A aparência ainda não é um problema para ele, porque se aproximar dela aos poucos parece muito mais do que ele sempre teve. Porém, ele começa a se questionar se deve dividir a verdade de quem ele é com a garota que o fez se sentir amado.
No decorrer da história ele conta que isso já havia acontecido uma vez, e notamos que o peso de uma segunda vez é muito maior, porque ele quer aquilo e quer mudar toda sua condição de vida, de ser quem é para estar com alguém.

"Vivi toda minha vida desse jeito, mas você é a única coisa que me faz desejar não ser mais assim."

É assim que o autor também nos insere no mundo e no sobrenatural que ronda A, sobre quem ele é, as consequência que possuir o corpo de alguém pode causar. Pequenas coisas que podem colocar toda a existência dele em risco e ocupam o segundo plano da história. Um plano que, na minha opinião, é um tanto confuso, sem muitas explicações e um final que fica muito em aberto apesar de mostrar que alguém teria uma solução para o "problema" dele.

"Sempre haverá mais perguntas. Toda resposta leva a mais perguntas. O único meio de sobreviver é abrindo mão de algumas."

Mas A é um personagem muito mais complexo. Não é egoísta, sabe quem é, sabe quem não pode ser e como não estragar a vida de seus hospedeiros, que não têm culpa de nada.
Um livro que te faz segurar o ar a cada mudança de corpo, onde você torce por ele, entende as situações,altos e baixos de sentimentos, onde relações não são tão simples e onde, claramente, o amor não é a resposta para tudo.

"É isso o que o amor faz: que você queira reescrever o mundo. Que você queira escolher os personagens, construir o cenário, dirigir o roteiro."

Tanto A quanto Rhiannon nos mostram momentos intensos entre felicidade, aceitação, dúvidas, medo, amor, ódio, tristeza e por aí vai. Um leque de sentimentos que qualquer um já pode ter vivido apesar da situação ser algo totalmente excepcional.

Se tem um livro que eu indico de olhos fechados, TODO DIA é um deles.
Um livro repleto de frases marcantes, onde um romance começa bem, passa pela fase do encanto, se deixa levar para questionamentos até um provável fim ou a chance de lutar por um "para sempre".
Onde o que você sente é tudo e ao mesmo tempo não o suficiente. Simplesmente perfeito!

"Na minha experiência, desejo é desejo, amor é amor. Nunca me apaixonei por um gênero. Apaixonei-me por indivíduos. Sei que é difícil as pessoas fazerem isso, mas não entendo por que é tão complicado quando é tão óbvio."



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