Estrelas Além do Tempo || 2017
Trajetórias que rompem a gravidade de uma época...
Olá, amores! Mila aqui e em uma data tão importante como o feriado nacional do Dia da Consciência Negra, celebrado dia 20 de novembro, pensei em trazer um filme que conta uma história notável, focando na trajetória de três mulheres incríveis.
Estrelas Além do Tempo (Hidden Figures, 2017), dirigido por Theodore Melfi, é um daqueles filmes que, mesmo partindo de uma narrativa clássica de superação, consegue transformar fatos históricos em uma jornada envolvente. O filme pode ser conferido na Disney+ e, baseado no livro de Margot Lee Shetterly, o longa acompanha três mulheres negras que trabalharam na NASA durante a corrida espacial dos anos 1960, que foi um momento de revolução científica e também de segregação e injustiças enraizadas. Com um pouco mais de 2 horas, o filme apresenta uma história que combina sensibilidade, leveza e potência política sem perder o apelo emotivo.
O trio formado pelas atrizes Taraji P. Henson (interpretando Katherine Johnson), Octavia Spencer (Dorothy Vaughan) e Janelle Monáe (Mary Jackson) sustenta o coração do filme. Cada uma delas entrega performances que equilibram vulnerabilidade, humor e uma força silenciosa, tornando impossível não se envolver com suas trajetórias. Henson conduz a narrativa com um brilho singular, interpretando uma matemática de genialidade incontestável que, ainda assim, precisa justificar diariamente seu lugar em uma sala dominada por homens brancos. Já Spencer traz uma presença firme e serena, a de alguém que observa as injustiças e responde a elas com competência inabalável. E Monáe entrega energia, irreverência e coragem, dando à sua personagem uma ousadia cativante.
Além do elenco principal, nomes como Kevin Costner, Kirsten Dunst, Jim Parsons e Mahershala Ali reforçam a narrativa com atuações que, embora não roubem a cena, ajudam a construir o contexto institucional e social da época. Costner, em especial, funciona como o intermediário entre as barreiras estruturais e as mudanças necessárias, interpretando um chefe direto que aos poucos enxerga o absurdo das regras segregacionistas que regem o ambiente de trabalho.
"Estrelas Além do Tempo" não tenta ser um pé no peito nem mergulhar em retratos mais brutais da segregação americana. Ao contrário, ele escolhe um tom mais leve, quase otimista, sem deixar de reconhecer as dores e humilhações vividas pelas protagonistas. Essa decisão pode desagradar quem busca uma abordagem mais crua, mas funciona dentro da proposta do diretor: celebrar a conquista sem deixar de nomear o peso das barreiras enfrentadas.
Narrativamente, a obra equilibra bem o leve (e quase inexistente) humor e drama, sem pender para o melodrama fácil. O roteiro se concentra no crescimento profissional das protagonistas com suas descobertas, estratégias e insistências... enquanto intercala momentos familiares que humanizam ainda mais suas jornadas. Acompanhamos não apenas a luta dentro da NASA, mas também o impacto disso em suas vidas pessoais, seus sonhos e suas relações.
Um dos pontos importantes do filme é mostrar a inteligência como resistência. Cada equação, cada cálculo e cada solução é, ao mesmo tempo, uma vitória científica e um ato político. Ao colocar três mulheres negras como responsáveis por avanços cruciais na missão de enviar John Glenn ao espaço, o filme corrige uma injustiça histórica: a invisibilização deliberada dessas mentes brilhantes pela narrativa dominante da corrida espacial.
Ainda assim, o filme se apoia em uma fórmula familiar, aquela que Hollywood domina bem, com conflitos claros, resoluções rápidas e uma estética que suaviza o peso histórico. Isso não diminui a força da obra, mas a coloca em um espaço específico: o da celebração acessível, do cinema que emociona e inspira sem exigir que o público enfrente o desconforto total da realidade da época. A proposta funciona porque o filme não tenta ser algo que não é. Ele se assume como um tributo caloroso, não como um tratado sociopolítico.
Em conclusão, o longa se consolida como um relato sobre persistência e quebra de regras que nem deveriam ter existido. Ele lembra que grandes avanços científicos não acontecem apenas por tecnologia ou ambição, mas pelo empenho de pessoas que ousam estar onde disseram que elas não deveriam estar. E o mais bonito é que faz isso de maneira sensível, acessível e profundamente humana.
O filme é ideal para quem ama biografias inspiradoras, histórias de superação baseadas em fatos reais e narrativas que combinam ciência, crítica social e emoção na medida certa. Também é perfeito para quem busca um filme capaz de motivar, sensibilizar e honrar personagens históricas que deveriam ser mais conhecidas.
Para quem quiser mais detalhes sobre a obra, o trailer está aqui:



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