Pecadores || 2025
Onde a dor canta alto, em melodias criadas para desafiar a escuridão...
Olá, amores! Mila aqui e venho falar sobre um filme que eu aguardei um bom tempo para assistir e não me decepcionou em nada.
Pecadores (2025), dirigido por Ryan Coogler e disponível na HBO Max, é uma obra que é mais do que um filme de terror: é uma mensagem que canta suas angústias através de vampiros, blues e sangue. A narrativa se passa nos anos 1930, no coração do Delta do Mississippi, mergulhando em um território histórico e culturalmente carregado onde o horror sobrenatural se entrelaça com o horror da injustiça social.
E sobre o que é o filme?
Os irmãos gêmeos Smoke e Stack (interpretados por Michael B. Jordan) retornam à sua cidade natal com o sonho de enterrar antigos fantasmas e recomeçar com o poder aquisitivo que agora possuem. Porém, descobrem que a violência e o ódio que deixaram para trás não sumiram do nada, eles apenas ficaram adormecidos. Em meio a ruas, clubes de blues e reuniões clandestinas, o filme vai revelando sua face mais crua: vampiros como reflexo das cicatrizes raciais, monstros que se alimentam tanto de sangue quanto de dor histórica.
Ambientado no sul dos Estados Unidos durante a década de 1930, Pecadores é um mergulho nas sombras da alma humana, onde religião, música e sangue se misturam em um ritual de dor e sobrevivência. O longa nos leva para o coração do Delta do Mississippi, berço do blues, mas também território marcado por segregação racial, fanatismo religioso e pobreza.
É nesse cenário de fé e desespero que a história se forma: homens e mulheres buscam salvação em meio à culpa, ao pecado e à eterna tensão entre redenção espiritual e condenação social. O filme usa o blues como trilha da resistência, transformando suas notas tristes em gritos por dignidade, enquanto o horror sobrenatural atua como metáfora das feridas deixadas pela escravidão e pelo racismo estrutural.
A força inicial do filme está no ambiente e na imersão sensorial. Cada cenário como os salões de dança, as estradas lamacentas, a escuridão densa iluminada por poucas lâmpadas, é mostrado com cuidado. A cinematografia aposta em sombras profundas e luzes pontuais, reforçando o sentimento de opressão e vigilância constante. A trilha sonora, que mostra o blues de forma perfeita, ecoa dor, resistência e ancestralidade, dando mais personalidade ao filme.
Seguimos a história mais de perto com Samuel (Miles Caton), parente dos irmãos Smoke, que consegue transmitir fragilidade e poder com sutileza, fazendo com que, em vários momentos, fiquemos conectados em suas emoções. Especialmente quando o ponto alto do filme é reafirmar a liberdade, o caminho da religião ou onde a sociedade diz que você pode ficar e como deve agir.
Já Michael B. Jordan carrega o filme com elegância duplamente comprometida: como Smoke, ele é aquele irmão que quer lutar; como Stack, ele é aquele que guarda segredos.
O elenco de apoio não fica atrás: Hailee Steinfeld oferece delicadeza e resiliência em um cenário complicado entre raças, e claro, Wunmi Mosaku, sendo uma personagem que carrega muita dor, mas segue o caminho do perdão e união.
E não paramos por aí, claro. Cada rosto secundário acrescenta camadas e ajuda a construir esse universo de dor, fúria e luta pela sobrevivência. Como Jack O'Connell que, sendo o ponto central do terror, traz um contraponto ao lado do blues que faz com que a trilha sonora, que é um elemento bem principal, tenha uma variedade sensacional.
Porém, nem sempre o roteiro acerta. Há momentos em que a exposição corporal pesa demais, quando o filme parece caminhar em círculos para reafirmar mensagens que já estavam claras. Em alguns trechos, o terror sobrenatural compete com a narrativa histórica, e a tensão escorrega para um drama que parece atirar para todos os lados de forma melosa. Porém, mesmo com essas falhas, a parte final compensa com intensidade: quando as máscaras caem, o horror surge e reafirma que o filme não está ali apenas para entreter, mas para trazer um lamento profundo.
A conclusão não entrega redenção absoluta, mas oferece consistência. É um fim que respeita as escolhas dos personagens sem recorrer a finalidades simplistas. Há perdas, há promessa de futuro, mas não necessariamente um final feliz. O terror não se encerra: ele reverbera. E isso é coerente com tudo o que o filme construiu sobre liberdade, culpa e resistência.
O filme é uma ótima indicação para quem não teme ver monstros humanos e vampíricos lado a lado. Para quem valoriza um terror que incomoda e provoca pensamentos e não apenas sustos. Para quem entende que o passado nunca morre, ele apenas se transforma e exige ser enfrentado.
Para os curiosos, o trailer pode ser conferido bem agora:






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