Leave Me Behind || K.M. Moronova

O que eu li é ABSURDO de bom. Autora, por favor, ou você aumenta a velocidade da escrita, ou vai ter que começar a me mandar sua lista de compras. Porque se você não me der mais páginas logo, eu vou te sequestrar!

Sinopse: Dois anos após a operação na Patagônia que dizimou seu esquadrão, Nell é a única sobrevivente, carregando o trauma e os fantasmas do passado. Agora, ela está sendo transferida... e não para um esquadrão qualquer.

Seu novo destino é o Malum, notório por abrigar homens que mais parecem demônios e, pior, a unidade que não compareceu ao local combinado, a deixando com um rastro de corpos dos companheiros que amava. Ela está sendo forçada a encarar aqueles que a deixaram para trás.

A bordo do avião, rumo ao seu novo pesadelo, Nell decide aproveitar uma última noite de liberdade. É quando ela cruza o caminho de Eren, um homem charmoso e sedutor. Mas o que ela não esperava é que seria o irmão gêmeo dele, o perigosamente atraente Bradshaw, a roubar sua atenção. Com olhos azuis frios e cicatrizes que contam histórias sombrias, ele exala uma atitude rebelde e cruel que a prende de uma forma inesperada.

Porém, oque era para ser um tórrido segredo de uma noite se torna um perigoso pesadelo. Nell está presa: o homem que a consumiu na cama, Bradshaw, é seu superior no Esquadrão Malum. Mas o que a choca não é a hierarquia, e sim o gelo nos olhos dele. O desejo virou ódio. A linha entre prazer e perigo nunca foi tão tênue.

O que fazer quando a chama de uma noite se torna o inferno de um novo começo?

“— Eu quero te dominar. Quero te quebrar em um milhão de pedaços e fazer você responder apenas a mim. Quero te manter o mais longe possível do meu esquadrão antes de arruinar o que sobrou de você. Porque se você não for embora, é isso que vai acontecer. Eu vou te quebrar, assim como eu quebro tudo. É o bastante? Vai calar a boca agora? — Ele diz lenta e cruelmente, enquanto aperta meu queixo."

Percepções: Você pensa que já viu tudo? Bem, pense de novo. Se a premissa desta história parece familiar, prepare-se para ser surpreendido. Eu duvidava que a escrita de qualquer autor pudesse realmente mudar o jogo... até ler Moronova. A escrita dela não apenas conta uma história: ela a incendeia. É o que acontece quando alguém escreve sem medo, permitindo que a trama flua livre, selvagem e inesperada.

Desde o primeiro olhar, a história de Nell e Bradshaw é puro fogo cruzado; e a atração física é só o pavio. O que começa como um jogo de sedução, com o objetivo de "entrar nas calças um do outro", rapidamente se transforma em algo irresistível e muito mais complexo. A autora não tem medo de esfregar na nossa cara: a química entre eles é palpável, um motor a vapor que desafia a razão.

O que torna isso tão viciante? Nós, leitores, somos cúmplices de um segredo. Sabemos o que eles não sabem: o ódio visceral que sentem pelos membros do esquadrão um do outro está lá, latente, desde a primeira página. A cada faísca, a cada toque, a autora nos lembra que estamos em um trem desgovernado. É uma contagem regressiva cruel. A gente sabe que o descarrilamento é inevitável e tem a certeza absoluta de que vai ser épico. E minha nossa...

Se a reação de Bradshaw é ruim, a recepção do Esquadrão Malum é um verdadeiro campo minado. Desde o primeiro instante, eles deixam uma coisa cristalina: farão o impossível para que Nell desista. Afinal, para eles, é uma regra não escrita: não se pode confiar em um soldado que retorna quando seus companheiros viram pó.

"Um soldado bom do esquadrão Riot é um soldado morto."

A interação do grupo não é um teste, é uma escalada de hostilidade que vai da humilhação pura à agressão física. Ainda bem que as humilhações não surtem efeito. Não espere que Nell baixe a cabeça! Se há algo que ela prova aqui, é que tem uma capacidade brutal de morder de volta. Os diálogos são um show à parte: repletos de desdém e promessas de violência da parte dela que são maravilhosos. É simplesmente satisfatório ver que ela pode causar tanto estrago quanto qualquer membro do Esquadrão.

Claro, o lado psicótico de Bradshaw injeta uma dose de medo na trama, sua imprevisibilidade o torna perigosamente sem limites. Mas é nesse caos que descobrimos a verdade mais eletrizante: Nell também tem os pés banhados na escuridão. Ela não é uma vítima; é um predador.

Bem... esteja preparado para uma trama que não conhece limites. Em Leave me Behind, não há recuo: a autora mergulha em caminhos inesperados onde a maioria hesita, transformando cada cena em uma escalada assustadora. Aqui, tudo é levado a proporções extremas: os desentendimentos, as provocações e, especialmente, o sexo.

Na intimidade, ambos personagens se envolvem em jogos de sangue e ferimentos. É a exploração crua de um desejo mútuo por prazer que se encontra na dor. Se você busca uma história que ousa ir além do que é confortável, onde a trama é constantemente surpreendente e a relação é visceralmente intensa, você encontrou. Mas esteja ciente: esta não é uma leitura para todos. Recomendo fortemente que verifique os avisos e gatilhos do livro. O que para alguns é apenas um detalhe excitante, pode ser profundamente perturbador para outros.

"— Meu Deus.

 — Que Deus? Esta noite, você só grita e chora por mim. Nenhum Deus será testemunha do que faço com você."

É impossível não se apegar a Nell e Bradshaw. À medida que se aproxima a missão crucial que promete desvendar o fracasso da Patagônia, o medo de perdê-los é palpável. Por quê? Porque o destino deles parece terrivelmente incerto. 

Moronova acerta em cheio ao fugir do clichê. Ela não se limita a nos dizer que Nell e Bradshaw são "bons" no que fazem. Ela nos mostra isso a cada ação e a cada provação que enfrentam. Sabemos o quão capazes eles são, mas o que realmente nos prende é a verdade sombria que a autora insiste em repetir: eles não são invencíveis. 

Essa constante exposição à sua vulnerabilidade injeta uma dose de tensão real na narrativa. A cada página, a pergunta ecoa: Será que eles vão sobreviver até o fim desta jornada?

O que realmente elevou esta obra foi a forma brutalmente honesta como a autora aborda o transtorno pós-traumático. Geralmente, histórias sobre grandes perdas resumem-se a personagens falando de sua tristeza enquanto seguem em frente. Mas aqui, a realidade é outra.

Moronova não nos poupa: ela nos mostra como perdas massivas podem ser devastadoras, a ponto de bloquear o futuro e inviabilizar novas formas de seguir em frente. Não importa quantos sorrisos sejam forçados, a dor interna é um abismo que pode incapacitar.

Ver personagens tão literalmente destruídos pelo trauma foi uma experiência de leitura dolorosa, mas essencial. Foi um mergulho profundo na mente de quem sobrevive, mas não consegue viver.

"— Você vai deixar este lugar e nunca mais olhar para trás.

 — Você acha que vou te deixar? Isso não é um adeus."

O que torna esta história realmente viciante é a forma como a autora constrói a relação central: um paradoxo fascinante de química inegável e falta de confiança inabalável. Durante os dois meses que antecedem a missão, assistimos a uma evolução tensa e realista. A desconfiança entre eles não é um drama bobo; é totalmente justificada e profundamente enraizada em seus papéis.

E é aí que reside a genialidade: mesmo desenvolvendo um profundo cuidado mútuo, ambos levam suas responsabilidades muito a sério. O que está em jogo é algo tão grande que nos faz temer pelo pior, prometendo uma situação de destruir o coração (e sim, o nosso também). Esqueça o clichê da "força do amor". Aqui, o que dita o futuro são os planos friamente calculados que podem ou não dar certo e uma paciência que está prestes a se esgotar.

Não se deixe enganar pela sinopse ou pelo começo. Esta é uma obra de maturidade surpreendente, com personagens que parecem dolorosamente reais. Se você esperava apenas uma história mais focada no lado sexy, prepare-se para ser arrastado para o centro da ação. O livro rapidamente se aprofunda nas missões e nas suas consequências, criando um peso narrativo intenso, especialmente à medida que o final se aproxima. É impossível terminar esta leitura com o coração leve. Moronova tem o dom de sustentar seu pico de adrenalina e ansiedade até as últimas páginas. Não é um final fácil, mas é um final que recompensa.

"— Você é onde minha sanidade começa.

 — Você é onde a minha termina." 

Se procura um romance militar sombrio que o manterá na beira do assento, tem aqui o que precisa. Leave me Behind não é apenas uma leitura; é uma experiência com uma história extremamente instigante que mantém a tensão até o último suspiro. Esta é a sua chance de mergulhar em um livro único, onde a guerra, o trauma e o desejo se encontram nas sombras.

Você está pronto para encarar a escuridão que Leave me Behind esconde?

Aviso: O livro está disponível apenas em inglês.