Sombrios: Luzes Apagadas || Ellise H. A

A história de Sombrios vai te mergulhar em uma distopia brutal, dividida entre duas sociedades que não poderiam ser mais opostas: a reluzente Luz e a tenebrosa Sombra.

Em Luz, a vida é uma utopia controlada, onde segurança, empregos de elite e civilidade são a norma. Mas do outro lado, existe o pesadelo de Sombra, um lugar onde a escuridão não é apenas metafórica. Seus moradores são marginalizados e vistos como a escória. Não apenas por serem vítimas de um sistema que os ignora ou por falta de acesso à educação, mas por sua própria natureza violenta e amoral.

Sombra é um mundo de assassinos, traficantes e criminosos que vivem sem leis ou moralidade. É um lugar do qual você mal pode escapar e seus habitantes são a personificação do mal. Por isso, as duas sociedades não se tocam ou tem contato. 

Exceto por um dia no ano... quando a vida é decidida no Templo das Almas, onde os deuses revelam a cada jovem quem são suas almas destinadas. E é aqui que conhecemos Aria, uma jovem da sociedade da Luz que, aos 20 anos, tem a sua vida virada do avesso. 

O que deveria ser um sonho, se transforma em um pesadelo: seu namorado é destinado à sua melhor amiga. Mas a situação fica ainda pior quando Aria é destinada a cinco homens de Sombra. E para o seu horror, um deles é um rosto do passado, alguém que tentou matá-la anos atrás.

Aria sabe que não pode rejeitar o seu destino, pois o preço é a morte. Levada à força para a Sombra, ela perde tudo: a vida perfeita que conhecia, suas posses, suas esperanças. Agora, sem ter para onde ir, ela se vê à mercê de seus cinco companheiros, precisando não apenas sobreviver em um mundo hostil, mas também convencer seus destinados a protegê-la, inclusive deles mesmos.

Primeiro livro da série Sombra, Sombrios é um dark romance nacional que nos prende pela premissa única e intrigante. A escrita de Ellise flui com uma linguagem simples e direta, o que torna a imersão na história e nos personagens ainda mais prazerosa. A narrativa é tão viciante que você vai terminar o livro e já querer começar o próximo devido a reviravolta no final. Então, aqui vai uma dica: tenha o segundo livro da série em mãos para não correr o risco de ficar sem saber o que acontece em seguida!

Desde o primeiro capítulo, Sombrios não nos dá trégua. A autora nos joga direto no abismo de Sombra, revelando o quão perigosos são os cinco destinados de Aria. Através dos olhos de Chase, um deles,  presenciamos o nível de crueldade e o envolvimento deles em assassinatos por encomenda. Se apenas um deles já é letal, imagine Aria presa sob o mesmo teto com os cinco. A história nos faz entender rapidamente a posição desesperadora em que ela se encontra, onde a desconfiança e o rancor mútuo são a regra, e o perigo pode vir de todos os lados, inclusive de quem deveria protegê-la.

O começo da nova jornada de Aria é marcado por sarcasmo e ameaças, deixando claro que sua vida em Sombra não será fácil. Como esperado de um dark romance, nenhum dos cinco rapazes está disposto a oferecer hospitalidade ou qualquer tipo de consideração a ela, tornando a convivência em um verdadeiro desafio.

"Não deixe que ele te pegue, Chase não para quando vê lágrimas. E eu não vou te proteger dele. Talvez até participe do castigo."

A ambientação da história se concentra principalmente na nova casa de Aria, e há uma boa razão para isso. A autora descreve o quão perigoso é o mundo de Sombra, um lugar onde monstros andam livremente e onde uma mulher sozinha pode ser alvo de atrocidades. É um cenário que lembra o filme Uma Noite de Crime, onde a escuridão da sociedade é mostrada sem filtros. Essa sensação de perigo constante faz com que o isolamento dela em casa seja totalmente compreensível, reforçando o clima de tensão da trama. 

Aviso importante: Lembre-se de ler a lista de gatilhos para se preparar para o conteúdo da obra.

A obra se aprofunda mais nas interações de Aria com os seus destinados, mas também com as pessoas que eles trazem para casa, em sua maioria, prostitutas. E é em Daiany, uma garota que também veio da Luz e que se prostitui para viver, que Aria encontra não apenas um ombro amigo, mas também o brutal choque de realidade sobre o funcionamento de Sombra, onde a sobrevivência é a única lei. 

“Essa casa é segura por dentro, mas se ouvir algum barulho estranho, pegue uma faca e boa sorte.”

Ao longo da obra, nossos laços com os personagens masculinos se aprofundam e conseguimos começar a entender a personalidade de cada um dos cinco destinados de Aria. Acompanhamos a dinâmica do grupo, a amizade que os une e, principalmente, os pensamentos de cada um sobre ter que compartilhar a mesma pessoa. Apesar de tentarem manter uma frente unida, as rachaduras logo aparecem. A dinâmica entre eles é complexa e cheia de atritos, onde nem todos concordam com a forma como a relação com Aria está se desenvolvendo. A história foge do clichê de um harém perfeito, mostrando que os ciúmes, as desavenças e o conflito de personalidades são tão reais quanto a atração que sentem.

Uma crítica que tenho é em relação à protagonista e sua falta de autonomia. Aria não consegue realizar tarefas básicas como fazer um sanduíche para si mesma, dependendo totalmente dos cinco rapazes e de Daiany. Enquanto os homens de Sombra trabalham duro de manhã até a noite, ela fica em casa, no sofá, esperando que a refeição seja servida. Essa dinâmica, que transforma a protagonista em uma "visita folgada" em vez de alguém que se adapta ao novo ambiente, me frustrou bastante já que esperava ver uma personagem mais proativa.

“Primeiro, você precisa parar de se ver como vítima. Ninguém vai te salvar aqui. Ou você aprende a se defender, ou vai continuar sendo vista como o elo fraco.”

A dependência de Aria e a constante pressão para que ela se torne "útil" acabaram prejudicando o desenvolvimento do romance para mim, transformando a dinâmica em algo unilateral. A falta de atitude dela para ajudar na rotina da casa foi deixada de lado quando os interlúdios sexuais começaram, como se essa fosse sua única utilidade e motivo o bastante para mudar sentimentos. Só espero que no segundo volume Aria finalmente encontre seu lugar e amadureça.

As cenas picantes são muito bem escritas e detalhadas, o que as torna um complemento envolvente para a trama, em vez de apenas preencher espaço. Elas surgem no momento certo, e a quantidade não incomoda.

Sombrios traz uma reviravolta previsível, mas isso não diminui nossa curiosidade. O que realmente nos prende é a imprevisibilidade dos personagens masculinos. A pergunta que fica é: qual será a atitude deles diante dos novos acontecimentos? Só sei que estou louca para saber! 

Se você busca um romance que brinca com o perigo e te faz sentir o gosto do pecado, talvez a sua próxima leitura seja essa.

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