Mate Set || Laurann Dohner

O que foi isso que acabei de ler da Laurann Dohner


Faz muito tempo que li uma obra escrita por Dohner, sendo mais exata quase dez anos. Ela certamente sabe prender minha atenção e arrancar emoções que quase todos os demais autores não conseguem. Quer sejam boas, quer sejam más. Contudo, o que acredito ser mais interessante seja sua capacidade de quebrar meu coração... a mulher é realmente boa nisso. E isso não é um aspecto ruim, até pq são em momentos específicos da história. Ela consegue me fazer embarcar no corpo da mocinha, com a diferença de que enquanto a dita cuja já está recuperada de alguma decepção amorosa, eu ainda estou sofrendo com a alma dilacerada. Não que a história seja perfeita, bem longe disso como você vai ver, mas ela consegue acertar meus pontos sensíveis e me ligar no modo drama.

Em Mate Set, acompanhamos Mika, uma jovem que volta a cidade de Bartock para fazer uma visita surpresa aos seus tios Omar e Minnie. Contudo, ela não poderia ter escolhido timing pior e acaba de descobrir isso ao ser encurralada em um beco escuro por quatro lobisomens jovens. Não que esses seres lendários sejam algo novo para ela, afinal, embora sejam desconhecidos por parte da sociedade humana, seu próprio tio é um, mas ela não estava ciente da existência dessa época do ano em que eles entravam em um frenesi sexual. E, embora tente lembrá-los que humanas são estritamente proibidas a eles, esses machos parecem estar além de qualquer preocupação com suas diferenças físicas ou consentimento.

Isso é algo recorrente no decorrer da história, até mesmo porque Dohner não teme ir por caminhos bem polêmicos. Ao contrário de muitos monsters romance fofinhos formados por seres gentis, a autora foca seu universo em uma visão muito parecida com a que humanos empregam diariamente com outras espécies. Aquela que, de certa forma, menospreza e visualiza o outro como algo que está ali apenas para o servir. Aqui os shifters lupinos, pessoas que se transformam em lobos, colocam a matilha e os desejos de seus próprios membros em primeiro lugar, não se importando como afetam a vida alheia ou quão barbaras sejam as atitudes. Então, se prepare para achar alguns comportamentos do mocinho e sua comunidade um tanto bruscos e, até, babacas. E, embora seja algo que venha a incomodar, também deixa claro o distanciamento cultural que existe entre as espécies.

Um ponto a se destacar é que, como a história é contada apenas pela visão de Mika, ficamos sem entender o que se passa na cabeça de Grady (e eu nunca quis tanto um pov masculino quanto quis aqui). É comum encontrar histórias em que um personagem se apaixona primeiro enquanto o outro vai se afeiçoando aos poucos, mas aqui foi… diferente e triste, ao mesmo tempo. Grady, filho bastardo do alfa e herdeiro, está lutando por reconhecimento em sua alcateia e se relacionar com uma humana estava fora de cogitação em seus planos. Logo no início, ele deixa claro a Mika que está ali fazendo sua segurança por uma obrigação imposta e que não a tocaria mesmo durante o frenesi. Só que, como sabemos, as coisas nunca acontecem do modo que se espera e logo ambos se vêem obrigados a permanecer juntos durante esse período. Enquanto Mika deseja que ele a veja como uma possibilidade para o futuro, Grady tenta colocar a maior distância possível entre os dois.

"Você me queria e agora vai me ter, Mika. Você passou dias me provocando. Comprou camisinhas quando te levei à loja. Você se perguntou quanto tempo levaria até nos encontrarmos juntos na cama e agora tem a resposta. Em cerca de dois minutos, estaremos na sua cama. Se não se despir e entrar no seu quarto agora, eu te possuo aqui no maldito chão. Meu controle praticamente desapareceu. Ainda sinto o gosto do seu sangue na minha boca."

Quanto a Mika… Bem, gostaria muito dizer que ela é uma personagem forte que cresce ao longo da história, mas a sensação que tive foi justamente o contrário. Ela se mostrou egoísta em muitos momentos e cada decisão que tomava era a soma da imprudência com o descaso pela vida dos outros e de si própria. Algo que infelizmente não mudou, até mesmo devido a história ocorrer no período de duas semanas. Além disso, embora sejam os lobisomens que estejam em época de acasalamento e ela seja humana, era sua capacidade cognitiva que sumia a qualquer toque de Grady, o que impedia um diálogo honesto. 

Algo que não se pode negar é que Dohner consegue escrever um hot como ninguém e essa obra está cheia deles. Embora seja algo que eu normalmente não goste, os delas não me incomodam devido a não soar como um subterfúgio. Tem história, sabe? E, afinal, o que se deve esperar de uma narrativa que passa na época de acasalamento?

Disponível apenas em inglês e contendo 162 páginas, Mate Set é o primeiro livro da trilogia Mating Heat. Os demais da série prometem seguir os irmãos mais novos de Grady, os quais estou curiosa para conhecer. Se você deseja um romance paranormal com bastante hot e de queima muito lenta, está aqui sua próxima leitura. 😉

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