Alena || Kim W. Andersson
Graphic Novel criada por Kim W. Andersson e com diálogos escritos em parceria com C/M. Edenborg, Alena é uma história que combina elementos sobrenaturais, bullying e horror para criar uma narrativa única que mostra as consequências psicológicas e físicas da incapacidade de se aceitar.
A história segue a jornada de Alena, uma jovem doce e medrosa que tenta ser como os outros e deseja ser aceita mais do que qualquer coisa. Passado um ano desde um fatídico evento, vemos que sua vida se transformou em um inferno ao estudar no colégio Ekensberg, lugar onde os ricos mandam seus filhos. Por ser uma aluna bolsista, ela se torna alvo do bullying das garotas do time de lacrosse, especialmente de sua atacante, Filippa, que sempre a lembra da diferença de sua condição social. Contudo, para Josefin, sua melhor amiga, já passou do tempo de Alena enfrentar os inimigos e dar um basta nos abusos. Se Alena não é capaz de dar o troco, Josefin pode muito bem dá-lo, mesmo que já esteja morta.
A arte de Kim W. Andersson é impressionante, com ilustrações detalhadas e atmosféricas que transportam o leitor para a ambientação desejada. A paleta de cores é temperamental e sombria, algo que reflete bem a atmosfera do mundo em que Alena vive e as situações que passa. Vemos que a presença sobrenatural de Josefin está associada a energia da cor laranja e o misticismo do roxo, enquanto grande parte das demais ambientações traz a tranquilidade do azul e a alegria do amarelo, algo que contrasta com o que está sendo exposto.
A narrativa é bem estruturada e fácil de seguir, com uma história que é ao mesmo tempo pessoal e brutal embora o mistério seja previsível. Alena é uma personagem complexa, que assim como qualquer adolescente tem momentos de incerteza, passividade e decisões ruins, porém com uma motivação clara e uma personalidade ainda em formação. Dos personagens apresentados, Josefin e ela foram os que achei mais interessante, embora Filippa não ficasse muito atrás devido ao seu grau de maldade.
Uma das coisas que me impressionou aqui foi como Andersson abordou temas como aceitação, violência e ação/reação. Sempre esqueço que quadrinhos podem ser pesados e mais "adultos", com uma arte feita para chocar. A história não é voltada para o sentimentalismo exagerado, mas para a exploração honesta e profunda das consequências do preconceito, seja internalizado ou não, e da incapacidade de autoaceitação.
Publicada pela editora Avec, esta é uma graphic novel excelente de apenas 120 páginas, com uma arte impressionante e uma narrativa marcante. É uma leitura recomendada para fãs de horror, sobrenatural e drama. Além disso, se você está procurando por uma história que explore temas mais profundos e complexos, Alena é uma excelente escolha.
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