Crimes e Mentiras: O assassinato de Arthur Labinjo-Hughes || 2022

Este é um documentário que expõe a história de um menino de 6 anos cuja morte nas mãos de seu pai e madrasta chocou a cidade de Birmingham, na Inglaterra, em junho de 2020.


O documentário começa nos apresentando a esta criança sorridente que amava super heróis e o time de futebol do Birmingham. Vemos superficialmente o início da relação de seus pais, Olivia Labinjo-Halcrow e Thomas Hughes, e o divórcio que ocorreu pouco tempo antes do aniversário de dois anos do garotinho, ao mesmo tempo ficamos curiosos pela ausência de Olivia. Logo descobrimos que a guarda de Arthur pertencia a sua mãe, entretanto ela acabou sendo presa sob a acusação de assassinar seu novo companheiro, Gary Cunningham, um homem com histórico de agressão. Mesmo diante das evidências de violência doméstica e relacionamento tóxico, Olivia foi condenada a 11 anos por homicídio culposo. Depois de sua prisão, a narrativa prossegue mostrando Arthur sob a custódia total de seu pai, um homem que segundo a assistência social se mostrou muito protetor, mas que segundo familiares mudou logo após o início do relacionamento com Emma Tustin, uma mulher mãe de 4 crianças.


Arthur viveu com sua mãe, Olivia Labinjo, até que ela foi presa por matar seu companheiro.


Arthur viveu pouco menos de um ano com seu pai e parentes paternos, antes de Thomas se mudar para a casa de Emma e o país entrar em Lockdown. Os entrevistados, incluindo parentes, psicólogos forenses e especialistas em leitura corporal, oferecem perspectivas variadas e dolorosas sobre o depoimento dado por Emma e os últimos 10 meses de vida de Arthur, período em que viveu com a madrasta e no qual foi submetido a um rígido regime de "disciplina" e punições. 


Tustin desde o início mostrou o quanto desgostava da criança, fazendo-a dormir na fria sala de estar e aplicando castigos de até 14 horas, onde Arthur era obrigado a ficar de pé e punido caso ousasse sentar. A autópsia de seu corpo mostrou centenas de lesões por espancamento, além de denunciar sua desnutrição excessiva e sinais de tentativa de envenenamento por sal. Arthur estava sozinho com Emma na tarde em que foi assassinado, em todo o momento de seu depoimento ela tentou acusar o garoto de se autoflagelar batendo a cabeça repetidamente contra o chão de concreto.


Imagens das câmeras da casa mostram Arthur debilitado e gritando 'ninguém me ama' horas antes de ser encontrado sem vida.


Longe do esperado, a narrativa não possui caráter sensacionalista. Ela é bem estruturada e fácil de seguir, com uma mistura de áudios e imagens de arquivos policiais, da câmera interna da casa e análises que nos mantém emocionalmente envolvidos e indignados. No entanto, é importante notar que o documentário não está isento de falhas. Em alguns momentos, pode parecer que Thomas não tinha controle sobre os próprios atos e decisões, caindo toda a responsabilidade sob Emma.


Vale ressaltar que o documentário não é para todos, ok? O tema, áudios e imagens apresentados são angustiantes e tratam de crueldade imposta a uma criança. É horrível saber que parentes tentaram alertar as autoridades, mas foram ignorados. Parte o coração ouvir os áudios em que ele diz estar com fome ou que ninguém o ama. Em resumo, esta é uma obra sensível e triste que mostra a inércia dos órgãos competentes diante das denúncias e a impotência de uma criança diante da maldade de quem deveria protegê-la.

Emma Tustin e Thomas Hughes foram condenados por homicídio.


Um documentário para aqueles que acreditam que vítimas não devem ser esquecidas e, muito menos, seus algozes. Disponível no Max

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