A Balada Para Passear - Camilo Solano
Sinopse: Ágata vive a solidão e a frieza da rotina da cidade grande, como muitos outros jovens que, assim como ela, vieram do interior. Suas únicas companhias são os podcasts de true crime e os cachorros que leva para passear... de carro. Porém, a rotina monótona de Ágata vira do avesso quando dois criminosos atrapalhados cruzam o seu caminho e a envolvem numa alucinante e cômica história, digna de um de seus podcasts de crime. Camilo Solano retoma temas recorrentes em suas obras em A Balada Para Passear, quadrinho de humor com pitadas de reflexão sobre a vida numa cidade grande, o lugar onde se compartilha a solidão.
Darth Nyx voltando ao mundo da leitura dos quadrinhos e vindo com dicas fresquinhas para vocês! A Balada Para Passear, de Camilo Solano, é a história mais que ideal para arrancar boas risadas, principalmente se você vive em São Paulo.
Na HQ, vamos conhecer Ágata, uma jovem que vive a solidão e a frieza da rotina da cidade grande, algo recorrente com muitos outros jovens que, assim como ela, vieram do interior. Suas únicas companhias são os podcasts de true crime e os cachorros que leva para passear como seu trabalho, mas ela faz isso de um jeito bem único e inusitado - todos ela leva para passear de carro! A rotina monótona dela vira do avesso quando dois criminosos atrapalhados cruzam o seu caminho e a envolvem numa alucinante e cômica história, digna de um de seus podcasts de crime.
Escrita em preto e branco, a história envolvente é bem mais do que apenas uma comédia para quem lê, mas também uma reflexão sobre o que se tornaram os dias das pessoas que convivem com o crime e a solidão diária. Muitas pessoas que nasceram e cresceram em grandes cidades estão, de certa forma, acostumadas a encarar episódios de violência como algo comum, como rotina. Já para quem vem de fora, essas precauções podem parecer, por vezes, absurdas.
Solano, com sua arte e genialidade na hora de brincar com palavras e traços, consegue transmitir a falta de empatia que vivemos na pele. Desde o simples gesto de ignorar um “bom dia”, até a forma como as pessoas desconsideram outras, priorizando apenas o que lhes interessa, especialmente quando se trata de alguém que está lhes prestando um serviço. Vendo como Ágatha é ignorada como indivíduo e vista apenas como mais uma “trabalhadora”, podemos refletir sobre a maneira com que tratamos aqueles que nos prestam serviços ao longo do dia, seja como porteiro ou um entregador de comida.
Como boa ouvinte de podcast de true crime, também sinto que existe uma leve reflexão a ser feita sobre como esse tipo de conteúdo vem sendo consumido e como a dor do outro está se tornando um simples entretenimento. É um pensamento que ficou na minha mente, principalmente pela maneira como as produções estão utilizando tons menos sérios. Com tons mais sádicos, sem considerar quem as viveu e seus traumas… esses criadores de conteúdo lucram sem devolver à sociedade um meio de mudança ou oferecer maneiras de solucionar os casos citados.
Ao mesmo tempo, é engraçado notar as escolhas dos personagens. Mesmo em meio ao momento de tensão vivido por Ágatha, fica impossível não rir de situações e frases usadas pelo autor como alívio cômico. Chega a se tornar um humor ácido, mas que ao longo das páginas, te faz sorrir.
Foi uma leitura rápida, curtinha, mas que sem dúvidas, fala volumes para quem presta atenção aos detalhes. A arte de Solano é cheia de traços até quase infantis e isso torna a obra ainda mais divertida, enquanto nos deixa lições valiosas de como cuidar e melhor olhar para os indivíduos ao nosso redor e não apenas para nós mesmos. Disponível em versão impressa e digital, a HQ foi lançada pela Conrad em 2024 e é sem dúvidas um primor!
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