Uma Farsa de Amor na Espanha || Elena Armas

Talvez mentir para a própria família não seja a melhor das ideias.


Mas o que mais Catalina Martín poderia fazer? Com o casamento de sua irmã se aproximando, ela não tinha outra opção a não ser encarar os olhares repletos de pena dos convidados enquanto o irmão do noivo, seu ex e motivo de sua fuga para Nova Iorque, desfilaria com outra ao seu lado. Então, a fim de evitar essa situação, Lina soltou a pequena inverdade de que iria ao casamento acompanhada de seu namorado.

O problema é que Lina não sai há anos e não tem ninguém disposto a fazer esse papel… exceto aparentemente Aaron Blackford, outro líder de equipe que já havia deixado muito claro o quanto desgostava dela. Com o tempo esgotando e sem outra alternativa em vista, talvez Lina tenha que aceitar a ajuda de seu inimigo ou nem tão inimigo assim.

Obra de estreia de Elena Armas, Uma farsa de amor na Espanha é o primeiro livro da série Spanish Love Deception, que atualmente conta com dois volumes. Ambos já foram publicados aqui pela Editora Arqueiro, sendo que no segundo acompanhamos a história de amor da melhor amiga de Catalina.


A história já inicia com o embate entre os protagonistas acerca do casamento, o que é bom uma vez que traz movimentação a trama, além de não demorar a mostrar a interação entre eles. O problema é que, mesmo que ocorra em momentos diversos, essa discussão se estende por muitas páginas (quase até a página 130) e acaba passando a ser o foco principal da leitura, o que a torna cansativa. Algo que pode incomodar a muitos é o modo como Lina se comporta nesses instantes, quase sempre beirando a infantilidade. Não sou uma fã da frase “continua que bem lá na frente melhora”, mas foi o que aconteceu aqui. Com o tempo, Lina se tornou mais suportável e a leitura mais fácil.


Ao contrário do que o título possa passar, maior parte da história acontece em Nova Iorque e nas dependências da empresa. Isso faz com que a trama aborde, num segundo plano, o machismo dentro da InTech, uma empresa de consultoria em engenharia com um ambiente predominantemente masculino, e o passado de Lina. Entretanto, a obra não se aprofunda seriamente na questão ou traz grandes reflexões, até mesmo por fazer parte da literatura Chick-Lit, cujo objetivo é divertir.



Quanto aos personagens, bem… Aaron pode te fazer desejar ou incomodar por ser um cara tão… perfeito. Não apenas externamente, onde Lina não para de defini-lo como o espécime masculino que todas param para admirar, como também em sua personalidade (principalmente quando apaixonado). Embora eu ame mocinhos que movem o mundo por suas amadas, tenho um certo desgosto quando eles não mostram um pouco de amor próprio.


Já a Lina, não consegui gostar. Embora a personalidade dela seja descrita como brilhante, ela parecia uma mistura de infantilidade com teimosia somadas a mania de fugir quando a situação apertava, ao invés de batalhar pelo que acreditava. Quando finalmente a ambientação muda para a Espanha e a família Martín é apresentada, senti o aspecto caloroso que esperava da personagem. Sabe aquela família que está ali por você e para tudo? Que se você precisar enterrar um corpo eles te perguntam: Onde? Até agora não entendi o motivo da Lina mentir para eles.


Achei que o clímax perto do final acabou ficou bastante forçado, tanto pela pressa como pela abordagem da autora. Não pareceu natural um personagem aparecer dizendo aquelas coisas, talvez se uma inimizade tivesse aparecido nas primeiras páginas com o mesmo conceito e foco faria mais sentido.


No mais, se você for uma pessoa mais madura e com um bom estoque de leituras românticas não vai se surpreender com esta leitura. Se não suporta clichês ou romance água com açúcar… essa história não é para você. Afinal de contas, aqui temos um Chick-Lit com gostinho de Sessão da Tarde. Então, se você espera um romance arrebatador e reflexivo, não é esse. Mas se você quer um que te deixe apaixonadinha e com coração quentinho, vale a pena se arriscar.

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