Meu Policial || Bethan Roberts

Algumas leituras não são fáceis de se fazer, tornando-se pesarosas por seu conteúdo ou personagens, sejam estes principais ou secundários. Contudo, isso não significa que sejam ruins, mas apenas que demandam mais atenção e até uma compreensão inalcançável ao mostrarem que pessoas boas podem agir como pessoas más.

 

Meu Policial retrata os muitos preconceitos da época, mostrando como eram vistas as pessoas que se sentiam atraídas por pessoas do mesmo sexo na década de 50, onde uma denúncia tinha o poder de destruir vidas. Ainda nessa época era esperado que mulheres terminasse o ensino médio e casassem, sendo a formação acadêmica superior algo mal visto assim como a busca por emprego. 

Sinopse: Em uma época de intolerância, Tom Burgess decide viver secretamente um romance com Patrick, curador de um museu, ao mesmo tempo que tenta ascender em sua carreira através do casamento com Marion, uma garota que sempre foi apaixonada por ele. Entretanto, a amizade e proximidade com Patrick começa a levantar suspeitas e julgamentos, fazendo-os encarar um cruel destino. 

"Tentei sorrir, mas não consegui. Ao mesmo tempo ofegando e estremecendo, apoiei a cabeça no ombro dela.
— Está tudo bem. Eu peguei você."
 
Aqui somos apresentados a Tom, um jovem policial, descrito sob a visão de Marion, sua esposa, e Patrick, seu amante. Dividido em cinco partes, a obra mostra como ambos se apaixonaram e sofreram pelo mesmo homem durante décadas. Ao mesmo tempo, nos permite visualizar onde a rede de intrigas começou, o que cada um fez para alcançar a felicidade, as injustiças que sofreram e como algumas escolhas mudaram tudo, levando a todos a uma realidade frustrada e trágica.

São tantas reflexões nessa obra, acho que a maior delas seja a de que você ser vítima de algo não te dá o direito de vitimizar alguém.

A obra, inspirada nos acontecimentos da vida de E. M. Forster, ganhou adaptação cinematográfica disponível no Prime Vídeo e já foi resenhada aqui no canal e blog.

Sofri horrores, mas recomendo.