Meu Policial || 2022

Adaptado de um livro homônimo, Meu Policial é inspirado na vida do romancista E. M. Foster e consegue atiçar nossa curiosidade através de uma ordem cronológica que nos faz questionar: Como estas vidas se enredaram e como colapsaram deste modo?


Inglaterra, 1999. 

Marion e Tom estão casados há muitos anos e vivem uma vida comum enquanto aproveitam a aposentadoria. Contudo, o casamento consolidado se abala quando Marion insiste em trazer Patrick, um ex-amigo do casal que está com a mobilidade reduzida devido a derrames, para casa a fim cuidar dele. Ela sabe que cuidar de uma pessoa doente exige sacrifícios, especialmente quando esta pessoa parece desgostar de você, mas deixar Patrick sozinho em um asilo está completamente fora de cogitação. Decidido a não fazer parte disso, Tom passa os dias evitando o lar e ignorando a presença de Patrick sob seu teto. Ao mesmo tempo, memórias da década de 50 inundam a tela com respostas sobre o que aconteceu no passado para levá-los aquele ponto.


Sobre o filme:

Esta é uma daquelas histórias na qual não importa que lado você escolha, alguém vai sair ferido. Tanto que é classificada como um drama, mas neste caso, as piores escolhas foram feitas e temos três pessoas magoadas. Não se preocupe que isso não é um spoiler, na realidade, é algo mostrado logo no início. Justamente o que prende nossa atenção durante o longa é a curiosidade de como os personagens chegaram neste ponto. 

Tom (Harry Styles), Marion (Emma Corrin), Patrick (David Dawson)

Conforme as memórias da década de 50 aparecem, descobrimos a realidade que os personagens se negam a encarar e nos questionamos se os motivos revelados eram fortes o suficiente para os fazer prosseguirem rumo a uma vida infeliz. À medida que as cenas passam, vemos que cada lembrança é uma pecinha se movendo e tomando seu lugar, montando um cenário catastrófico que poderia ser evitado. 


Sinceramente, eu esperava alguma explicação quanto ao afastamento de Tom em 1999, mas não há. As atitudes dele são incompreensíveis e teriam lógica se viessem da parte mais prejudicada com o que ocorreu. Como a história tem um lapso de tempo de quase 40 anos que não é abordado, fica aberto o questionamento do que teria acontecido na vida dos envolvidos desde a última vez que se viram. 



Os figurinos, cenários e comportamentos apresentados nos fazem ter um sabor doce e amargo quando se passam na década de 50. Doce, pois conseguimos mergulhar no tempo e vivê-lo. Amargo, porque vem acompanhado de todas as regras e preconceitos que regiam a sociedade da época. E, isto vai desde a mulher ser vista com maus olhos por trabalhar fora, como a homossexualidade ser um crime passível de prisão. Os próprios personagens refletem estes pensamentos em suas falas e ações.


Quanto aos personagens, particularmente gostei da escolha dos atores e da diferença na essência dos atores mais velhos para os mais novos. Enquanto os mais novos demonstram avidez e descontrole emocional somado a intrepidez da idade, os mais velhos trazem aos papéis a experiência adicionada ao cansaço de toda aquela situação. Ao final, percebemos que todos ali contribuíram para uma vida infeliz ao não abrir mão do que desejavam.

Marion (Gina McKee) e Patrick (Rupert Everett)


Com a participação de Harry Styles trazendo certa visibilidade ao filme, é importante dizer que sua atuação é condizente ao roteiro, que pouco busca aprofundar a visão ou o entendimento sobre o que se passa dentro de Tom Burgess. Assim como no livro, tudo o que é mostrado e sabemos dele, bem como sentimentos, é apresentado pelas perspectivas de Patrick e Marion. Isso acaba o torna unidimensional e superficial quando comparado a estes dois personagens. 

Vou logo avisando àqueles que desejam ler o livro que o filme, assim como seu final, é uma versão mais amena e romântica. Se você deseja se sentir entre a cruz e a espada, além de ver um drama que vai te fazer pensar na vida. Está aí a dica! 😉

Confira o trailer aqui:

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