Elena sabe - Claudia Piñeiro
Sinopse: Uma obra única que entrelaça uma pitada de romance policial com histórias íntimas de moralidade e da busca pela liberdade individual.
Pouco depois de Rita aparecer morta na igreja que costumava frequentar, a investigação do que teria ocorrido se dá por encerrada. Sua mãe Elena é a única que não desiste de esclarecer o crime. Mas, acometida pela doença de Parkinson, seu tempo é contado em comprimidos, sendo a menos indicada a encabeçar a busca por um assassino.
Uma penosa viagem dos subúrbios à capital argentina e uma conversa reveladora guiam a trama deste finalista do International Booker Prize, um romance íntimo e crítico no qual o corpo feminino é o verdadeiro protagonista.
Uma das principais vozes contemporâneas da Argentina, e a terceira autora mais traduzida do país, junto com Borges e Cortázar, Claudia Piñeiro expõe as facetas ocultas do autoritarismo e da hipocrisia que podem determinar os rumos de uma vida.
Darth Nyx com mais uma dica para aqueles que buscam uma quebra na rotina ou gostam de tramas mais cruas sobre a vida e o dia a dia. A dica de hoje foge dos universos da fantasia e do romance. “Elena sabe”, de Claudia Piñeiro, é o primeiro livro da autora latino-americana pela Morro Branco e já abre as portas de obras latinas com um peso muito grande e a barra lá em cima para se manter.
Correspondendo a um dia na vida de Elena, uma senhora que vive com a doença de Parkinson, o livro então é dividido não em partes, mas de acordo com a ordem de seus comprimidos. Lutando contra a doença que toma o controle do próprio corpo, Elena sai em busca por respostas ao que aconteceu com sua filha Rita, que foi encontrada sem vida no campanário da igreja que frequentava, ao que as autoridades e todos ao redor dizem ser um ato da própria Rita contra si, mas sua mãe não aceita.
Seguindo o sofrimento de se esforçar para ter controle de tantas coisas que lhe fogem e, ao mesmo tempo, com um plano em busca de ajuda, o livro vai passar não só pelo olhar de Elena, mas irá contar de maneira geral o que aconteceu com Rita e como era a vida de mãe e filha, como descobriram a doença e lidaram com ela juntas.
Uma história intensa e que mexe demais com o leitor, sendo visceral em muitos momentos, tanto em relatos da relação mãe e filha, como também em situações onde a visão externa é apresentada. A escrita de Claudia é fluída e, ao mesmo tempo, possui uma sofisticação que te envolve e prende mesmo que Elena mostrando ser uma personagem difícil que não demonstra amor, carinho ou sensibilidade de maneira direta ou convencional. Normalmente, eu teria terminado em pelo menos dois dias, mas levei ao menos quatro dias para finalizar a leitura, principalmente por eu mesma viver em uma situação onde apenas estamos eu e minha mãe, sem parentes próximos.
Rita vive as suas dúvidas de maneira silenciosa, mas em momentos que o livro narra sobre ela, é possível ver as mudanças de comportamento que vão surgindo. Porém, é bom não se enganar, ela segue o mesmo padrão da mãe e não é das personagens mais agradáveis de ler, sendo em muitos momentos dura e direta, um produto de sua criação.
Existe um filme lançado pela Netflix que é uma adaptação da obra literária e, apesar de ainda não ter assistido, notei que algumas pessoas tinham expectativas de uma trama mais intensa de suspense e longe do drama, o que é um erro. O livro é mais puxado ao drama e a trama do filme (até onde li em algumas análises e entendi em conversa com amigos) segue o mesmo padrão aproximado. Indico como um complemento da leitura ou apenas um vislumbre para o que se tem na obra literária.
Recomendo essa leitura para quem já ama literatura contemporânea, mas também para aqueles que estão em busca de uma leitura diferente das fantasias e dos romances. Mas ao mesmo tempo, vale ter cuidado, já que a obra acompanha uma busca por respostas em meio a falta de esperança de uma doença sem cura e todos os desconfortos que ela traz para quem está ao redor.
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