O Fabricante de Lágrimas || 2024
Parece que declarei o ganhador de pior filme do ano cedo demais...
Desde que era uma garotinha e perdeu os pais em um trágico acidente, Nica sonha em ser adotada e se tornar parte de uma família. Crescer em Sunnycreek, um orfanato onde os maus tratos eram cometidos por aqueles que deviam zelar por sua segurança, foi algo doloroso. Algo que deseja esquecer com todas as forças.
Então, quando finalmente um casal se mostra contente em adotá-la, Nica não poderia estar mais feliz, mas a alegria parece se distanciar ao perceber que não será adotada sozinha. Rigel, o garoto que as pessoas não conseguiam ver além da superfície encantadora, estava vindo junto e poderia colocar tudo a perder.
"A mais conhecida era a lenda do fabricante de lágrimas. Ela falava de um mundo onde ninguém conseguia chorar, as pessoas viviam como almas vazias, privadas de emoção. Mas, escondido de todos, em uma imensa solidão, havia um artesão solitário, coberto pela escuridão, pálido e encurvado que, com olhos claros como vidro, era capaz de fabricar lágrimas de cristal. As pessoas iam procurá-lo e pediam pra conseguir chorar, pra poder provar um mínimo de sentimento. O artesão inseria as lágrimas dele nos olhos das pessoas. E aí, elas choravam, de raiva, de desespero, de dor e angústia. Viviam paixões lacerantes, desilusões e lágrimas."
Dirigido por Alessandro Genovesi, O Fabricante de Lágrimas é uma adaptação do best seller homônimo escrito por Erin Doom. O romance italiano, que conta com quase duas horas de dura,ão, começa até bem ao apresentar os personagens que acompanharemos, mas se perde em um desenvolvimento retalhado e superficial que deixa o expectador frustrado ao final de tudo. A falta de cenas e informações afeta não apenas a relação entre os protagonistas tornando-a incompreensível, como toda a trama.
Nica passa grande parte dela obcecada em desmascarar Rigel, o pintando como Lúcifer (um ser belo por fora, mas repleto de maldade por dentro). Contudo, o roteiro não mostra nada disso, Rigel parece um rapaz solitário e sombrio, trazendo à tona aquela vibe emocore, sabe? Isso faz com que a protagonista acabe aparentando ser uma garota chata, falsa até, que queria ser adotada sozinha o que acaba atrapalhando o clima de romance.
Veja, apenas a experiência do filme está sendo levada em consideração aqui, ok? Sei que no livro há motivações para que Nica tenha um pé atrás com Rigel, mas no filme elas não aparecem ou ficam claras e a personalidade dele é totalmente diferente.
O final, envolvendo dois atos que deveriam ter relevância, acaba acontecendo de forma tão abrupta e teatral que não consegue convencer. O primeiro deles, totalmente anticlímax, envolve a criação de um vilão. O personagem tem uma quantidade tão chocha de cenas e tempo de tela, que se torna impossível acreditar em sua motivação. O segundo é a situação envolvendo o orfanato, que me fez terminar a história com a certeza de que haviam cortado quase metade do que foi gravado e, com isso, o final que deveria abordar um assunto importante desapareceu.
Quanto as atuações de Caterina Ferioli e Simone Baldasseroni, interpretes de Nica e Rigel respectivamente, estão "ok". Não devido a performance de ambos, mas ao roteiro que não contribuiu em nada. Há um excesso de frases de efeito que deixa tudo entre os personagens inverossímil. Este é o primeiro trabalho de Caterina atuando, mas já aviso que veremos mais trabalhos dela vindo logo logo.
Bem, o Fabricante de Lágrimas é indicado para aqueles que querem testar a paciência ou apenas ter um gostinho da adaptação.
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