Fale Comigo (2022)

 

    Se você descobrisse como invocar espíritos, você invocaria?

    Embora eu tenha muita curiosidade sobre esta parte do sobrenatural, certamente não mexeria com algo que parece estar além do meu controle. Afinal, filmes de terror nos ensinam uma coisa: nunca se sabe qual tipo de espírito vai atender ao seu chamado.

    E, bem, quando se trata deste gênero, a combinação de adolescentes e invocação de espíritos, na maioria dos casos, se mostra uma péssima ideia. Embora seja uma premissa clichê, a obra em questão traz diferencial ao abordar alguns assuntos mais plausíveis nas entrelinhas. Bora conferir?


    Sinopse autoral: Dois anos após perder a mãe de maneira trágica, Mia, de 17 anos, ainda não consegue manter uma simples conversa com o pai e, por isso, se mantém afastada dele. Decidida a se enturmar novamente com os colegas, ela decide ir para uma festa com sua melhor amiga e participar da trend que anda bombando: a de invocar espíritos através de uma mão misteriosa. Porém a brincadeira acaba dando errado e, agora, todos aqueles que ela ama estão em risco. 


    Fale Comigo mostra claramente o porquê da maioria das redes sociais impor uma idade mínima para adentrá-las e até as diretrizes dos conteúdos aceitos. Em consequência de muitos não se importarem com isso e até burlarem os meios, crianças e adolescentes acabam muitas vezes tendo acesso a conteúdos prejudiciais e arriscando as próprias vidas. Infelizmente, não há como os pais acompanharem tudo o que os filhos veem ou fazem, vários só descobrem quando já é tarde demais. A história torna o terror plausível ao abordar isso.

    Embora focada no sobrenatural, os diretores abordaram na obra o vício em fugir da realidade e dissociar dela de modo discreto. A trama nos mostra os perigos de não lidar com os próprios sentimentos, afastar quem se importa conosco, bem como arriscar-se em busca de aceitação.

    Um ponto bastante curioso na obra são as frases usadas para se ter contato com o mundo sobrenatural. Visto que a história traz personagens na adolescência com dificuldades em manter a comunicação dentro do próprio lar, talvez faça sentido ver as expressões Fale comigo e Deixo você entrar como um pedido de ajuda.

    Quanto a parte sobrenatural, ela consegue prender nossa atenção ao inserir seres que nos deixam curiosos: como o espírito de uma mulher que parece ter morrido afogada. Os efeitos e maquiagens aqui estão maravilhosos, uma prova de que não é necessário muito para incutir o terror psicológico sob nossas peles.

    Eu passei muita raiva assistindo, mas deixa explicar. São adolescentes descobrindo as dores do mundo... então esteja pronto para lidar com personagens tomando atitudes muito ingênuas. As atuações estão ótimas, logo é impossível não se apegar ou torcer por alguns personagens... assim como é impossível não ferver de ódio pela ingenuidade de outros. Ah, o terror é digno de aplauso, pois busca ser mais realista e cruel do que possuir jump scary (aquele susto que você não esperava). Então, medrosos... podem se jogar sem medo!

    Com uma abertura inesperada e brutal, o filme mostra sutilmente ao expectador o fio que centra toda a trama enquanto arrasta as unhas lentamente por nossas costas: nada pode ser tão assombroso quanto a realidade que vivemos.

    Confira o trailer aqui:



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