Cães - Keum Suk Gendry-Kim
Olá, amores! Mila aqui e irei falar sobre a HQ da premiada autora sul-coreana de Grama e A Espera, que ainda não tive chance de conferir.
Baseada nas próprias experiências da autora, que jamais considerara ter algum animal de estimação até ser convencida por seu companheiro a adotar um cachorrinho, Cães é um relato honesto sobre como a convivência com pets e a descoberta do amor incondicional que eles sentem por seus donos modifica o coração dos seres humanos, auxiliando-os de forma quase inadvertida a tornarem-se pessoas mais sensíveis.
Com detalhes rotineiros, acompanhamos a vida de um casal desde o momento em que começam a criar seu cão, Cenourinha, até a mudança de cidade, conhecendo e aprendendo costumes de um local no interior e conhecendo outros cães da região.
Como a história é bem simples, não darei detalhes que estraguem a experiência, mas posso falar que por meio de ilustrações claras e que passam muita emoção com um olhar ou orelha mais baixa, conhecemos a história de outros cães que vivem ao redor, nem sempre com companhia, cuidado e amor.
E como toda história que envolve animais, fui preparada para o pior. Mas, não me vi envolvida em uma história concentrada apenas na vida do casal e seus bichinhos, mas a trama traz vislumbres mais importantes. A obra não apenas cativa os olhos com sua arte, mas também mergulha profundamente na complexidade dos maus tratos aos animais de estimação na Coréia do Sul. A autora deixa claro ao fim, com palavras diretas, que leis de proteção a animais de estimação devem ser elaboradas de forma eficiente e, assim, respeitadas.
Ou seja, a história não é fofa, mas verdadeira e nos faz pensar o que determina quando um animal deve viver e outro morrer. Quem são aqueles que devem ficar dentro de casa e os motivos para o destino de tantos outros serem jaulas, maus tratos e morte. Mas, para os corações sensíveis, não temos imagens gráficas que aterrorizem a leitura, mas com certeza irão tocar alma, coração e mente porque o questionamento é real.
Um detalhe curioso é que os capítulos são nomeados com os nomes dos muitos animais encontrados pelos personagens principais, com histórias que nos ajudam a compreender a relação dos personagens com os animais de forma duradoura ou bem, bem passageira.
A autora registra as cenas tensas sem apelar para o sentimentalismo, o que me fez sentir que a história parecia um tanto fria mas, lendo mais sobre a autora e suas obras, parece ser um estilo abordado por ela quando trata de assuntos intensos. O que faz muito sentido com as cenas onde não temos tantos diálogos, apenas imagens que dizem muito com o passar do tempo e paisagens. Lembrando que algumas imagens podem parecer "cruas" em perfeição, mas ricas em detalhes simples.
A edição lançada pela editora Pipoca & Nanquim faz a arte ser bem apreciada em seus detalhes que, de forma simples, podem ocupar uma página inteira. Li em e-book, mas a edição de capa dura está lindíssima também!
No fim, esperava algo que me tocasse de forma sentimental e saí pensativa e sentindo a injustiça que acontece por falta de uma visão diferente para culturas nem tão antigas, que envolvam novas leis e respeito aos animais.
Mas isso vale apenas para os de estimação? Deixarei o questionamento.
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