A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões - Louise O’Neill

Olá, amores! Mila aqui e vamos falar sobre um livro da Darkside que eu estava bem curiosa em conferir! O livro, escrito por Louise O’Neill mescla a tão conhecida história da Disney com o clássico intenso de Hans Christian Andersen. 

A Pequena Sereia e o Reino das Ilusões mostra como, em um reino comandado pelo patriarcado, ter uma voz é arriscado. Mas também como querer usá-la é uma atitude extremamente poderosa. Ainda mais em tempos sombrios.

O livro nos mostra a vida de Gaia, a "pequena sereia" mais famosa entre as irmãs, adorada pelo o seu pai e exibida pelo reino como um troféu. E com esse início e rápida percepção que conseguimos ter sobre tudo, notamos o lado machista da sociedade no fundo do mar. Desde o controle sobre as garotas que devem ser sempre lindas (porque serão classificadas pela beleza), comportadas, caladas e sempre concordando com o seu pai, o Rei do mar. 

Gaia, com sua beleza e voz doce, é a escolhida para ser a primeira a casar e o escolhido é Zale, um homem bem mais velho que ela. E idade claramente não é um problema já que, com 16 anos, ela está apta a casar com alguém que não quer. E ao completar 16 anos, ela também faz o seu primeiro passeio pela superfície do mar e, sem mais nem menos, se apaixona por um humano. 

Quando estava no fundo do mar, eu pensava conhecer o desespero. Eu pensava conhecer a verdadeira solidão. Quando uma lágrima escorre pela minha bochecha, salgando meus lábios, percebo que estava enganada.

E é a partir dai que sabemos para onde a história vai. Com Gaia se apaixonando por alguém que não conhece e por uma ideia de felicidade e amor, dando início a todos os problemas e opressão que ela tem e terá pelo resto de sua vida. Ou seja, seguimos uma garota que, com todo o desespero acumulado dentro do seu coração e querendo desesperadamente ser amada e feliz, decisões duvidosas são tomadas.

Mas também temos pontos novos e interessantes como as rusalkas, sereias bem conhecidas pela mitologia que cantam e afogam homens pois se tornaram sereias ao morrerem com sentimentos ruins, perdas e afins. Ou seja, entre um reino supostamente "feliz" e cheio de aparências, temos o lado sombrio do mar guiado pela Bruxa do Mar. 

Pode ser um tanto desgastante fingir que você é algo que não é. 

E o que achei do livro? No todo, é envolvente e traz todos os elementos que já conhecemos com os clássicos, mas... acaba deixando a desejar com o desenvolvimento próximo ao final. Senti que o livro se perdeu em momentos repetitivos de opressão no fundo do mar e ausência de amor quando ela consegue as tão famosas pernas (porque sabemos que isso não é spoiler algum). E quando finalmente chegamos ao momento da decisão, da suposta felicidade eterna... tudo acontece rápido demais.

Ou seja, vemos uma personagem que é uma vítima e quando finalmente consegue pensar mais por si mesma e tomar decisões que podem mudar a sua vida e de mais pessoas... tudo passa em um piscar de olhos que mal conseguimos sentir o gosto de conclusão desejada. 

Até vir para o mundo humano, eu nunca havia percebido como é maravilhoso não sentir nada.

A experiência é interessante, bem escrita e envolvente, mas daria tudo para um final com mais páginas nos mostrando o depois, a consequência de escolhas e como outros pagariam por algumas decisões. Temos muito do lado vítima e pouco da guerreira que ela pareceu querer se tornar. 
Se o livro tivesse uma continuação prevista, eu estaria super empolgada, mas... se torna uma experiência interessante com um final que deixou a desejar e não preenche as expectativas. 

Já conheciam e se sentiram como eu? Nos contem outro clássico que teve alguma adaptação que gostam demais ou que apenas sentem que merecia muito mais!

O não de uma mulher pode ser facilmente transformado num sim por homens que não querem levá-lo a sério.