Memórias de um Freixo - Kun-woong Park


 

Sinopse: Adaptado de um livro do escritor coreano Choi Yong-tak, Memórias de um Freixo retrata um momento dramático e violento da história recente coreana conhecido como o ""Massacre das Ligas Bodo"". Durante o verão de 1950, logo no início da Guerra da Coreia, as autoridades sul-coreanas organizaram a eliminação de dezenas de milhares de civis, oponentes políticos declarados ou simples simpatizantes, por medo do contágio comunista. Esse massacre, realizado pelo exército e pela polícia sul-coreanos, deixou entre 100.000 e 200.000 mortos, incluindo mulheres e crianças. Posteriormente, o evento foi deliberadamente obscurecido pela história oficial da Coreia do Sul. Apenas na década de 1990 que valas comuns foram encontradas e alguns perpetradores do crime foram chamados a testemunhar. Nesta história cujo narrador é uma árvore que habita um dos vales onde ocorreram os massacres, o autor mobiliza o leitor por meios gráficos excepcionais através de um conjunto de imagens de beleza sombria e marcante. Kun-woong Park é um autor virtuoso e comprometido, e faz um trabalho de longo prazo que visa exorcizar os erros dos governos coreanos desde a independência em 1945. 


Darth Nyx aqui, começando o relato da leitura desta HQ com uma informação importante - Essa história é uma das mais difíceis leituras que fiz em 2022. Memórias de um Freixo de Kun-woong Park, é uma HQ adaptada do livro do escritor coreano Choi Yong-tak e foi lançada pela Conrad em 2021, trazendo luz para um dos momentos mais tristes e sombrio da história da Coreia do Sul. Aqui, acompanhamos os acontecimentos em uma região florestal, pela visão de um freixo que não sabe o que ocorreu, só que várias pessoas surgiram por ali, em um tumulto de corpos e sons, mudando completamente seu ambiente natural. O evento que é narrado de maneira externa e imparcial pela arvore, trata-se do momento do massacre das Ligas Bodo, onde por volta de 200.000 pessoas foram mortas, incluindo mulheres e crianças. 


Para minha surpresa, as pessoas com roupas simples estavam amarradas por uma corda.

Quando comecei a leitura, não pensei que fosse precisar pausar algumas vezes para tomar um fôlego, não porque estivesse chorando, mas por sentir minhas entranhas revirarem com a intensidade da realidade ali exposta. O autor não busca emocionar e sim chocar, mostrar o lado da guerra que nos faz olhar para ela mesmo que nosso corpo implore para que desviemos os olhos. É o que nos leva a perguntar uns aos outros: Como pode? Como chegamos a este ponto? Como ninguém falou nada?

Pensei no meu destino de que jamais poderia sair do mesmo lugar em que resolvi ficar...

Essa é uma história que é movida principalmente pelo conjunto do encontro da arte, com o texto simples e intenso e o peso de saber que cada momento descrito é real. Recomendo principalmente para quem gosta de leituras inquietantes, que te fazem ficar algumas horas depois pensando na vida e no nosso universo, em tudo o que nos trouxe até aqui. Mas um importante aviso, é que é uma obra que retrata guerra, dor, perda e devastação sem censuras. Ainda que não seja colorida, é possível saber o que vem sendo apresentado e com isso, deixo o aviso de que tenham o cuidado de autoavaliar-se antes de ir para essa leitura. 

 

 Finalizo, deixando a imagem abaixo que como as outras nesta postagem, vieram do espaço especial da Amazon. Nela, vemos uma realidade do impacto da leitura sentido pelo tradutor da obra. 



 

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