Richthofen - O Assassinato dos Pais de Suzane - Roger Franchini







Sinopse: Mais de quinze anos se passaram e o Brasil ainda se lembra da jovem que planejou meticulosamente a morte dos pais. O caso da família Richthofen ganhou imediatamente as páginas dos jornais e ficou conhecido como um dos crimes mais cruéis do país. Richthofen revela com a estrutura de um thriller os bastidores dessa investigação: as suspeitas, as evidências, os responsáveis pelo inquérito e os chocantes depoimentos de Suzane e dos irmãos Cravinhos. Tudo isso a partir do ponto de vista de três policiais que tiveram suas vidas alteradas pelo assassinato. Conhecer o final dessa história é o que menos importa. Intercalando relatos de Suzane e a investigação do crime, Roger Franchini usa seu conhecimento do caso para escrever essa narrativa ficcional que reconstrói os nove dias que abalaram o Brasil dos anos 2000 – e que continuam a ser noticiados até hoje.

Recebido da parceria com a Editora Planeta, não sabia bem onde o livro iria me levar por se tratar de uma ficção com base no acontecimento que eu mesma acompanhei em 2002, quando o assassinato era tudo o que se passava na maioria dos canais brasileiros. Portanto, quando me deparei com uma trama que tinha como ponto de vista os investigadores do caso, senti que a leitura poderia se tornar muito interessante.

No começo, seguimos o investigador Eduardo, um policial de Campo Belo que acaba entrando cada vez mais de cabeça no caso, junto de outros companheiros de distrito. E esse ponto é bem importante de ser frisado pois o livro deixa mais de lado a visão de Suzane, seu irmão Andreas e a família Cravinhos, focando em como a polícia lidou com o caso quando o assassinato se mostrou importante demais e outros departamentos começaram a interferir na investigação.

O autor possui uma escrita fluída que faz com que as páginas sejam lidas rapidamente no começo. Porém, com o excesso de comportamento preconceituoso, machista e com palavras pesadas dos policiais, a leitura começa a ficar um pouco complicada e eu ansiava pelos momentos em que Suzane e seu namorado iriam aparecer, nos revelando um pouco mais de todo o plano que tiveram. Porque, se o autor queria usar de uma narrativa ficcional, por mais que seu foco seja o meio policial... por quê não usar mais de uma dramatização sobre o acontecimento em si?

Ou seja, conforme os capítulos vão passando, temos pequenos pedaços de como a vida de Suzane era complicada com pais controladores, como seu relacionamento era mal visto pelos dois e como os irmãos Cravinhos lidavam com isso. O autor escolheu nos mostrar um lado interessante onde Daniel era bem próximos da namorada e seu irmão, fazendo com que algumas reuniões em família parecessem muito mais calorosas em sua casa do que na casa dos Richthofen. Porém... não se aprofunda tanto quanto o esperado.

Quando são motivados pela paixão da vingança, ambição não satisfeita, ou pela vaidade ofendida, os instintos cruéis do homem primitivo vêm à tona, enquanto a insensibilidade à moral anula o horror diante da dor do sofrimento alheio.

O livro tem mudanças de tempo, indo do presente para o passado, nos presenteando com alguns acontecimentos de policiais corruptos que usam do poder que tem para lidar com os casos como bem quiserem... até terminar com o assassinato em si, onde deixou tudo bem detalhado e nesse momento, nas páginas finais, pude sentir aquela tensão que eu esperava no livro todo, que chega a incomodar com a frieza dos responsáveis.

Então, para um livro que romantiza um acontecimento que abalou muitas pessoas e até hoje ainda chama atenção, pode não ser o melhor para aqueles que buscam saber detalhes sobre o caso. Por se tratar de uma ficção, o autor escolheu uma linha de trama que pode não agradar a todos e que, no fim, não tem tantos detalhes sobre a jovem e seu namorado. Agora, se for lido com a ideia de que teremos a visão de pessoas que todos os dias trabalham com os mais diversos tipos de crimes... a leitura pode se tornar mais consistente e interessante.

Como citado anteriormente, com uma linguagem mais real e pesada de homens que trabalham de forma direta e sem pudores com o que dizem, é necessário ler com a ideia de que a leitura não será suave. Porém, o foco do crime em si é fornecido em pequenas doses e admito que gostaria de ter tido muito mais sobre isso.

No começo de cada capítulo, temos pequenos trechos do livro O Homem Delinquente de César Lombroso, que foi publicado em 1876 na área de psicologia, direito penal e medicinal penal, que nos fazem querer analisar mais o comportamento dos assassinos.

No fim, Roger Franchini nos entretém por suas 190 páginas ao nos deixar curiosos com o lado investigativo e oferece uma visão diferente, com personagens que não estavam sequer dentro do caso já que não faziam parte do departamento responsável pela investigação. Com algumas ideias boas que nos levavam a um caminho de corrupção, o enredo oferece o que propõe, mas nos deixa com desejo de querer e saber mais.


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