O Homem Do Castelo Alto - Philip K. Dick
Olá Amigx da Internet!
Aqui é seu Miasma favorito vindo de uma realidade paralela para falar de mais uma obra disponibilizada para nós, pela Editora Aleph.
E é com um imenso prazer que continuo a minha visita ao renomado Philip K. Dick. Mas, dessa vez, com uma obra que na minha opinião, exige uma visão mais ampla, pois a abordagem dela é complexa e quase que metalinguística!
Então, vamos falar sobre “O Homem do Castelo Alto”.
Talvez a maior qualidade de Dick seja sua habilidade em oferecer uma perspectiva singular. Seu estilo de escrita que busca progredir vagarosamente, se centrando em imergir o leitor na realidade sobre a qual está escrevendo, é marcante em todas as suas obras. Porém, em “O Homem do Castelo Alto” esse estilo torna-se essencial, pois a obra não teria impacto algum se não fôssemos imersos nela. Principalmente pelo fato de abordar de forma muito palpável uma realidade alternativa a nossa.
No contexto deste livro, a realidade em que a trama se estabelece vem da Alemanha de Hitler que saiu vitoriosa na Segunda Guerra, onde os judeus foram praticamente exterminados, os negros foram escravizados e a supremacia Ariana se consolidou.
A história se passa no que antes era os Estados Unidos da América, mais especificamente após o Japão tomar o país, que passou a ser chamado de “Estados Americanos do Pacífico”.
A narrativa acompanha diferentes personagens e suas rotinas, cada um com sua perspectiva, seja o empresário japonês, o dono de um antiquário, uma moça com forte idealismo, um capitão nazista e até mesmo alguém de origem judaica que luta para esconder suas raízes.
A questão é como K. Dick amarra esses personagens na narrativa e eu vejo como uma verdadeira genialidade, pois o ponto de convergência dessas personas tão distintas é um livro, “O Gafanhoto Torna-se Pesado”, uma narrativa de ficção que conta como seria o mundo caso a Alemanha tivesse perdido a Segunda Guerra.
Novamente o autor, de forma despretensiosa, trabalha um questionamento filosófico de maneira subjetiva em sua narrativa, colocando essa obra de ficção em meio a sua própria obra.
É inevitável ao leitor que está atento e preso na narrativa, não questionar o que é a realidade em si. Pois, naquela realidade onde tudo parece às avessas do que conhecemos, até então existe uma obra de ficção que retrata a nossa realidade. Ou seja, seríamos nós a narrativa de “O Gafanhoto Torna-se Pesado” ?
O questionamento ao leitor é subjetivo, porém Dick trabalha objetivamente o contexto de seus personagens que acusa uma espécie de conformismo. Talvez isso seja uma provocação por parte do autor, de que o mundo é conformista ou talvez ele esteja tentando dialogar com seu leitor e provocar uma reflexão sobre nossa realidade em si e a facilidade que temos em aceitá-la.
As questões abordadas em o Homem do Castelo Alto são de uma perspectiva única, pois Philip usa de seu aprendizado empírico sobre o contexto da Segunda Guerra e o transcreve em uma visão histórica.
Dentro do contexto de sua narrativa ele aborda a imposição cultural e, até com certa sensibilidade, nos faz notar como a cultura é importante para a preservação de um povo. Se sua cultura é desvalorizada e extinta, a sua identidade cultural se esvai e você passa apenas a tentar se encaixar no contexto social que impuserem.
Fico inseguro de classificar o “Homem do Castelo Alto” como ficção científica. É real demais, palpável demais e assustadoramente realista.
Talvez dentre as obras do autor, essa seja a que mais me impactou. E apesar de não existir muita ação ou intriga, a narrativa se sustenta em nos mostrar essa realidade da vitória nazista.
Para aqueles que procuram algo mais dinâmico, talvez não consigam dar a devida atenção ao livro. Ainda assim, deixo a recomendação como uma das leituras essenciais de Philip K. Dick.
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