Fragmentos- Caio Fernando Abreu




Olá Amigxs da Internet, teu miasma de plantão, Thiago, caindo de paraquedas para participar do desafio de 1 livro por mês do blog Coisinhas da Juh.

Escolhi então um livro de contos e devo admitir que revisitar Caio Fernando Abreu me trouxe um ar melancólico e nostálgico agradável. A obra “Fragmentos” reúne alguns contos deste fantástico escritor, uns mais leves e sensíveis e outros de tons mais intensos e até agressivos.
Beirando uma literatura marginal, Caio consegue em poucas páginas nos inserir em contextos poéticos de drama cotidiano, às vezes levantando questionamentos a respeito de estilos de vida e decisões mundanas e às vezes nos deixando atônitos com as viradas emocionais sutis de suas personagens.

Dentre os contos do livro dois deles me atiçam o coração mais do que o comum.
O primeiro é "Sargento Garcia" cuja narrativa não só critica o comportamento militar, como também denuncia o abuso sexual em determinadas situações. A forma em que a história se constrói e sua resolução me apertam o coração. Os contos de Caio tem naturalmente a capacidade de nos tirar suspiros tristonhos, acho uma qualidade bem peculiar o escritor decidir por finais tristes e moldá-los de forma a serem aceitos e acolhidos pelos leitores.


"(...) fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá para cá sem pensar definitivamente em nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, acho que foi o fato de você partir que me fez descobrir tantas coisas” "


O outro que me instiga o coração e a alma é ”Uma história de borboletas”, que trata de forma sensível a questão da doença psiquiátrica no relacionamento amoroso, mas mais do que isso mostra a relação humana com a própria loucura e a loucura alheia.

Talvez o nome do livro seja “Fragmentos” por se tratarem de situações de um fragmento do cotidiano das personagens, ou talvez seja uma forma do autor brincar com a ideia de que cada conto leva um fragmento dele.
A verdade é que seja como for, o curto pocketbook da L&PM de 138 páginas não deixa a desejar em uma vírgula sequer. Imbuído de um despudor quase militante em nosso contexto sociopolítico atual e, ainda assim conservando uma delicadeza narrativa, o estilo de texto de Caio é como a harmonização de um Bukowski com uma Jane Austen, sem medo de mostrar o limiar marginal da humanidade porém ainda repleto de uma beleza clássica disfarçada de melancolia.

E esse é meu Livro Amigxs, espero que tenham apreciado e se já o leram fiquem a vontade para compartilhar suas impressões, comentem e indiquem outros pra nós <3

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