Black Mirror - Bandersnatch





Olá! Dessa vez a equipe toda irá dar sua opinião sobre esse filme que, querendo ou não, acabou inovando um pouco a interatividade na Netflix esse ano.
Leia nossa crítica com a opinião de nós três: Heila, Camila e Thiago.

Chega mais que a escolha e sua! Sera?

O filme interativo da Netflix é uma obra que explora a possibilidade de escolhas feitas pelo espectador, indo desde a roupa ou algo que o personagem come, até decisões mais pesadas sobre o futuro dele.

Quem é das antigas vai lembrar de uma série de TV que passava na Globo e você ligava escolhendo um final, chamada Você Decide. Mas aqui o conceito te leva para diversos fins e mais: seu filme pode ter apenas 20/40 minutos, ou ir até mais de 2 horas.

Mas essa inovação toda e essas escolhas todas te levam para um momento: e suas próprias escolhas... Será que é você que faz mesmo?
Ali o personagem é controlado por você, mas pensando bem, sua vida é controlada pela sociedade. Suas escolhas são feitas com base no que a sociedade espera de você, seus medos são relacionados ao que pode ser dito ou se tornar consequências caso tome uma decisão "inadequada". E veja bem, isso se tratando apenas de coisas legais, mas que moralmente são ''inaceitáveis".

Acho que como qualquer coisa de Black Mirror, diversos sentimentos te invadem após terminar de assistir, mas acho que seu pensamento pode ser apenas do entretenimento, ou cair na reflexão, afinal: o quanto da sua vida vem sendo escolhida por alguém que não é você?




Olá, Mila aqui!
Como um filme com vários pontos de vistas, fico feliz em poder vir falar um pouco sobre um filme que me deixou totalmente entretida e ainda por cima me fez pensar em uma série de livros que eu adorava muito quando mais nova. 
Esses livros eram mais atuais nos anos 80, conhecidos como livros-jogos, dando ao leitor a oportunidade de escolher caminhos e decidir que fim dar à trama toda.

Bandersnatch segue a mesma ideia, onde o personagem principal se baseia em um livro para criar um vídeo game nos anos 80, com finais variados de acordo com as escolhas dos jogadores. E logo entendemos o que precisamos fazer. 
Sempre com duas escolhas que nos são fornecidas em um tempo rápido (se não me engano, dez segundos), acabamos escolhendo o que achamos ser melhor para a vida de um personagem que claramente já sofre com o peso de acontecimentos do passado.

Acho que é válido citar que apesar de todas as escolhas, o filme está preso em uma trama, na vida de um personagem que sofre por algo do passado e que seria impossível se afastar muito disso. Li pessoas falando que o filme não te dá total liberdade não, que é uma mera enganação. Porém, repito que a trama está fechada em uma situação e te dá chances de seguir caminhos variados.
Acho que apenas uma escolha que fiz me fez voltar e me obrigar a tomar outra, logo no começo de tudo. Depois disso, apesar de eu ter feito escolhas não tão boas, ainda tive algumas chances de seguir por outros caminhos, o que fez com que o filme durasse quase duas horas para mim.

Conforme pesquisado, li uma matéria que informa que, dependendo das escolhas que fizemos, o filme pode durar até 5 horas. E eu admito que estava esperando muito para vir escrever aqui e poder rever para tentar escolher outras coisas. E sim, anotei cada uma delas.
Apesar dos dez segundos terem me feito escolher algo errado em um devido momento, ainda tive a chance de ver mais de um outro lado da história e ficar agoniada, desesperada e..ainda assim, fazer escolhas ruins.

Gosto de pensar que fiz isso por saber que estava no controle e ver até onde o personagem iria. Mas também gosto de pensar que eu, na minha vida, tomo um pouco mais de cuidado ao decidir algumas coisas. Especialmente quando não podemos voltar atrás e resolver a maioria de uma outra forma. 

Um filme que vale a pena sentar, tentar, esperar e se deixar levar. Seja de maneira rápida ou um pouco mais trabalhada. Recomendo para quem busca por algo diferente e que tenha a mente aberta para continuar tomando escolhas, sem desistir =D



Então eu, Thiago, joguei Bandersnach da Netflix.

É isso aí Amigx da Internet, teu miasma favorito de plantão voltando a ativa mais uma vez agora para deixar aqui um pouco das minhas impressões sobre essa nova narrativa disponibilizada pela Netflix para seus assinantes.


Talvez a minha opinião seja um pouco controversa. Alguns vão dizer que estou sendo um pouco ácido, mas quero partir da premissa que sempre parto nas minhas análises e resenhas opinativas onde tento pontuar os aspectos individuais da obra e assim, encontrar uma nota adequada. Claro que as notas que dou são embasadas apenas nos meus critérios, então sintam-se livres para discordar, mas talvez nesse meu emaranhado confuso de fluxo de pensamento inconstante e só talvez minha perspectiva te interesse, se esse for o caso, peço que tenham paciência e me acompanhem pois agora vou falar um pouco sobre esse JOGO que é Bandersnach.

Quando damos play em Bandersnach nos é apresentado um pequeno tutorial falando do funcionamento do jogo, e é simples. Existe uma narrativa onde você acompanha a perspectiva do personagem principal e durante essa narrativa, em alguns momentos, decisões terão de ser tomadas. E nessas decisões você pode tomar as rédias e escolher dentre as ações possíveis para a resolução da cena.

A combinação dessas decisões tomadas podem abrir ou fechar rotas da narrativa que te levam a finais diferentes, por isso o jogo possibilita retomar certos pontos. São como diversas realidades alternativas onde você escolhe em qual o protagonista irá permanecer. Por exemplo, para alguns o Colins morre em determinado ponto da narrativa, para outros ele morre em outro ou nem sequer chega a morrer.
Bom, até aí Bandersnach em seu próprio roteiro já se denuncia. O jogo em sua estrutura geral nada mais é do que uma: …PAN PAN PAN!!!! “Interactive novel”, para os nerds de plantão esse termo não é novo de forma alguma, e mesmo esse conceito já existindo na indústria de games há tanto tempo, ele continua em constante evolução, pois o ápice de uma dessas novelas interativas é de que o leitor possui o real poder de mudar a história ao teu gosto. Deu pra entender?
Bom, deixa eu colocar da seguinte forma, eles se apropriaram desse conceito já existente e sólido da indústria de games e o aplicaram com modificações adaptativas na indústria de filmes por streaming. E, no fim, eles conseguiram um filme morno e um jogo medíocre.

Calma, não estou desvalorizando o trabalho. Tivemos boas atuações e as transições de cenas entre as decisões são suaves. As coisas continuam acontecendo indiferente da tua mão ou não, você talvez possa só deixar o filme rodar e ver no que vai dar, mas a proposta é justamente interagir, intervir e dialogar com a obra.

Mas se essa é a proposta eles poderiam ter feito algo mais envolvente, entende?

Pois o roteiro do jogo fala sobre esse garoto que subitamente se fissurou nessa obra que é uma novela interativa. Essa fissuração talvez provenha de um trauma de infância que pode ou não ter sido fabricado pelo teu próprio pai, tal como essa fissuração pode apenas ser consequente de seu estado mental frágil onde ele acredita ter sido responsável pela morte de sua mãe. Talvez uma combinação maluca dos dois, mas o importante é que essa obra dá ao personagem o contexto para que ele explique ao jogador, ou suposto telespectador, o funcionamento desse tipo de jogo.

O trabalho permite e até mesmo o instiga a refazer suas escolhas e proporcionar novos contextos e assim, descobrir outras consequências.
Talvez alguém um pouco mais megalomaníaco pense algo como “Brincar de ser DEUS”, mas nem de perto isso é um fato. Bandersnach nem se esforça para ocultar o fato de que o jogador não tem controle real. Eventualmente, os diálogos até brincam com a ideia de que existe uma quebra da quarta parede. Talvez o ponto chave dessa trama seja o Colins que desde o princípio parece bem consciente de seu papelão falar diretamente com o jogador/espectador mais do que qualquer outro personagem dessa trama. Mas não é explicado para nós também de onde vem essa consciência dele. O trabalho flerta com a ideia de metalinguagem, mas mesmo isso acaba perdendo espaço na trama. Claro que demandaria muito tempo testar todas e quaisquer combinações possíveis.
Se lembra que decisões que podem aparentar ser sem importância? Como qual dos cereais o protagonista comerá naquela cena inicial. Isso pode, na verdade, ser a chave para desencadear uma série totalmente nova de eventos, e esses eventos podem proporcionar novos finais e etc. etc. etc.

Mas não posso negar que a qualidade de atuação é bem acima da média e, apesar das fragmentações do roteiro, existe uma história interessante e envolvente. Porém, tratando-se desse tipo de jogo, existem tantos outros títulos tão mais superiores, com desenvolvimento de personagens e de trama tão melhores elaborados que admito que me pesaria dizer que o roteiro foi algo mais do que medíocre.

Ainda assim a experiência por ela mesma é instigante.

Talvez a Netflix receber esse tipo jogo dessa forma proporcione novas ideias e novas formas de se introduzir essa interatividade ao público fora de seu nicho.

Bandersnach se esforça para manter um tom saudosista enquanto se reafirma como inovador.

Falando em nota, acho que é um dos 5 mais sólidos que já dei, o trabalho serve ao seu propósito de entreter apesar de falhar em explorar um pouco mais o potencial como jogo.






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