O Príncipe Pardo e os Reinos Perdidos (Atlântida #1) - Fábio L. Shadow

Sinopse: A era das trevas chegou a Berília!
Sem a proteção do deus marinho Pontus, O mais poderoso reino perdido caíra nas mãos do terrível Império das Trevas. Mas uma luz incandescente capaz de romper os véus da noite surge nas terras acima das águas. O primeiro descendente dos dois reinos mais opostos carregando água e fogo no mesmo sangue; branco e preto na mesma pele. Um príncipe pardo.
Inerte às lendas de seu passado, o garoto Lipe vive sob a proteção atenta de sua mãe no Caju, uma favela do Rio de Janeiro. Mas o destino é implacável e sempre encontra um meio de revelar os segredos mais ocultos.

E agora vamos de um livro nacional, em parceria com o autor Fábio L. Shadow, que nos cedeu a obra para resenha e análise.
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Seguimos a vida de Lipe, um garoto de 12 anos que mora com sua mãe e tem uma vida tranquila, curtindo seus dias com seu amigo André, brincando, rindo, estudando e aproveitando as férias da escola, como qualquer criança faria, especialmente morando próximo da praia.
Porém, é quando sua madrinha faz uma visita inesperada que a rotina começa a mudar. Lipe acaba ouvindo uma conversa estranha entre sua mãe e ela, com atitudes mais suspeitas ainda e que começam a deixar o garoto confuso e curioso.
E é com uma pequena descoberta dentro da sua própria casa, ao estar sozinho em seu quarto, que o garoto entende que o mundo em que vive é apenas uma pequena parcela da sua realidade.


"À sua volta, muitas batalhas virão e inocentes morrerão. Mas, se a coragem e a esperança não se extinguirem, o sol fará tudo florescer mais uma vez"


Lipe acaba entendendo que faz parte de uma linhagem importante e descobre ser um príncipe que será responsável por ajudar em uma batalha entre reinos e, quem sabe, conseguir uma trégua e apaziguar algo que seu próprio pai tentou fazer há muito tempo atrás.
Um pai que ele jamais conheceu e que a trama nos mostra que morreu cedo demais lutando por algo que achava ser o correto.
Lipe sabe que assim que fizer 13 anos, uma data bem próxima, muitas coisas irão mudar. Não apenas na sua rotina, mas envolvendo pessoas demais, algumas as quais ele acabou criando uma boa ligação. Então, ele se vê tentando descobrir os segredos que sua mãe escondeu dele por uma vida inteira.


"Salvei muitas vidas, mas perdi minha própria alma."


Estou evitando muito dar spoilers em excesso porque a cada página que lia, ia descobrindo mais da verdade junto de Lipe.
Ficou evidente que as pequenas descobertas em seu quarto despertaram algo dentro de si e, quando notamos que Lipe conseguia estar em outro mundo, o visitando em sonhos com a companhia de Ima, uma garota cega que o ajudou a descobrir muitos detalhes sobre si mesmo... eu sabia que ele seria curioso demais para deixar tudo para trás, como se nada estivesse acontecendo.
E, enquanto Lipe vai descobrindo quem é, o que precisa fazer e como a paz é algo que não existe ainda nessa sua nova realidade, vamos nos surpreendendo junto dele.

O bom de tudo é que a personalidade de Lipe fica evidente desde o começo. Além de ser uma criança bem feliz e dedicada, com o passar do tempo ele se torna um garoto determinado e sem medo de encontrar respostas, por mais sombrias que elas possam parecer.
E é aí que vemos como ele começa a amadurecer, talvez um pouco rápido demais. E isso é apenas uma opinião bem particular.
Em alguns momentos eu sentia que Lipe tinha uma personalidade que não condizia com a sua idade. Muitas vezes seus pensamentos, respostas e dedicação pareciam vir de um garoto alguns anos mais velho, especialmente por não ter crescido na realidade de um reino e estar se adaptando. Acho que teria sido um pouco mais "real" se ele fosse tão infantil quanto sua idade.
Ou talvez a trama tivesse se encaixado um pouco mais se fosse um garoto fazendo 15, ou 16 anos. Ainda assim, é um mero detalhe pessoal que não atrapalha o enredo.


"...pois um novo rei se levantaria para reparar seus erros. Fruto do amor impossível entre o rei branco das águas e a rainha negra do fogo, o príncipe pardo representava a mais perfeita união entre as nações. Sua luz seria capaz de romper os véus da noite e espalhar a esperança nos corações desgraçados."


Ainda assim, é importante notar que as situações que vão surgindo na frente de Lipe o fazem ter que respirar por alguns segundos e tomar decisões importantes. Ele sabe que a realidade que vivia é algo do passado e que sua família, assim como seus inimigos, são bem reais e que ele não pode apenas esperar algo acontecer. Ele precisa ser corajoso o suficiente para mudar o que não está certo. E apesar de sua própria mãe o querer proteger e afastar de tudo, ele segue em frente, com vontade.

Outros personagens da trama também vão mostrando por quê estão lá, contando sua história e importância. Ainda mais porque o livro termina de uma maneira muito boa, finalizando o arco principal ao juntar todas as pontas soltas e deixando aquele gostinho de quero mais para a sequência que virá.
Sem dúvida foi uma experiência muito boa.
Sabemos o quanto é importante valorizar nossos autores e O Príncipe Pardo e os Reinos de Perdidos mostra quanto potencial o autor possui para criar uma história bem detalhada, que não nos cansa em momento algum.
Indicamos o livro para qualquer um que goste de uma boa aventura, com a pitada de fantasia necessária para nos tirar de uma realidade, assim como foi feito com Lipe.

"O destino é implacável e sempre encontra um meio de revelar os segredos mais ocultos."