Uma Chama Entre As Cinzas (Uma Chama Entre As Cinzas #01) - Sabaa Tahir





Sinopse: Laia é uma escrava. Elias é um soldado. Nenhum dos dois é livre. No Império Marcial, a resposta para o desacato é a morte. Aqueles que não dão o próprio sangue pelo imperador arriscam perder as pessoas que amam e tudo que lhes é mais caro. É neste mundo brutal que Laia vive com os avós e o irmão mais velho. Eles não desafiam o Império, pois já viram o que acontece com quem se atreve a isso. Mas, quando o irmão de Laia é preso acusado de traição, ela é forçada a tomar uma atitude. Em troca da ajuda de rebeldes que prometem resgatar seu irmão, ela vai arriscar a própria vida para agir como espiã dentro da academia militar do Império. Ali, Laia conhece Elias, o melhor soldado da academia — e, secretamente, o mais relutante. O que Elias mais quer é se libertar da tirania que vem sendo treinado para aplicar. Logo ele e Laia percebem que a vida de ambos está interligada — e que suas escolhas podem mudar para sempre o destino do próprio Império.


Aaahh, que livro!!
Irei começar apenas com essa rápida frase porque é uma leitura que vale muito e não sei como mostrar isso de qualquer outra maneira =D

Sabaa Tahir segue o enredo todo alternando capítulos entre os dois personagens principais, Laia e Elias. A sinopse mesmo já mostra a diferença entre a vida de cada um deles e vamos tendo visões de vidas bem opostas conforme lemos sobre cada um.
De um lado a garota que ainda está fazendo de tudo para achar uma solução e salvar a vida de seu irmão, sua única família ainda viva e capturada. De outro lado, Elias, fazendo parte do grupo que matou o restante da família de Laia, perdido em uma vida que ele não queria ter, também sem alternativas e procurando por algumas saídas.

O campo de batalha é meu templo. Mentalmente cantarolo um ditado que meu avô me ensinou no dia em que me conheceu, quando eu tinha seis anos. Ele insiste que o ditado afia a mente como uma pedra de amolar afia a lâmina. A ponta da espada é o meu sacerdote. A dança da morte é a minha reza. O golpe fatal é a minha libertação.


O livro é acelerado a maior parte do tempo. Além do drama que cerca cada um deles, temos ação, suspense e batalhas o tempo todo. E como se não bastasse tudo isso, a autora ainda nos dá alguns seres míticos e sobrenaturais diferentes, incrementando ainda mais toda a narrativa. E se isso ainda não é suficiente, além desse plus na história, Sabaa Tahir tem cuidado em nos contar sobre cada um dos povos que nos apresenta, suas tradições e cultura, deixando o mundo criado muito mais completo e absolutamente incrível de se ler.

Que voz devo escutar? A da espiã ou a da escrava? A da lutadora ou a da covarde? Achei que as respostas a essas questões seriam fáceis, mas isso foi antes de eu aprender o que é ter medo de verdade.

Cada capítulo nos dá um pouco de tudo. Enquanto seguimos com Laia, ainda indecisa e querendo lutar pela vida de seu irmão, a vemos se infiltrar aos poucos em um mundo que garante a ela que um passo em vão equivale a morte na certa.
E, em outro lado, Elias passa pelas mesmas coisas. Ele aceita um caminho em busca de liberdade, sabendo que qualquer erro o levará à um fim tão ruim quanto qualquer outro escravo ou aspirante a Máscara, teria.

- Eu convivo com a culpa. Mas existem dois tipos de culpa, garota: o tipo que te afoga até você se tornar um inútil, e o tipo que inspira sua alma para um propósito. 


A narrativa flui perfeitamente e, apesar de termos dois personagens bem intensos, eles não são os únicos. Cada personagem secundário que surge tem um grande peso também. Desde uma ajudante de cozinha que tem um espírito corajoso, até a própria comandante fria, sanguinária e com falhas. Por falar nela, a comandante se tornou uma das piores e melhores personagens que vi em um tempo. Aquele tipo de personagem que se mantém constante em sua maldade, enquanto muitos ao redor mostram fraquezas ou cedem por compaixão.
Além dela, Helene é uma personagem que eu queria que tivesse aparecido muito mais. Ela é uma das pessoas mais próximas de Elias, vivendo uma vida tão intensa quanto a dele e que faz sacrifícios para lutar também por tudo o que acredita. Vou me conter para não dar spoilers, mas quando um livro faz todo personagem valer a pena e ter um peso na história, não tem como ignorar =D

A guerra virá. E ela tem de vir. Pois um grande erro precisa ser corrigido, um erro que se torna maior a cada vida destruída. A guerra é a única saída. E você precisa estar pronto.


Acho que podemos resumir o desenvolvimento dos personagens de maneira simples: Ninguém é sempre bom, jamais. Todos precisam tomar decisões importantes para se salvar ou preservar algo maior, mesmo que isso arraste outras pessoas consigo. É um livro onde todo medo e receio é colocado na mesa. E a questão política não fica atrás. Notamos que rebeldes não são melhores que marciais ou um império e não são melhores que os máscaras, considerados assassinos frios. Cada um deles tem um ideal e preza por ordem e respeito da sua própria maneira.

- Existem dois tipos de culpa. - digo em voz baixa. - Aquele que é um fardo e aquele que lhe dá um propósito. Deixe que a culpa seja o combustível. Deixe que ela te lembra de quem você quer ser. Trace uma linha em sua mente e nunca mais a ultrapasse. Você tem uma alma. Ela foi ferida, mas está aí. Não deixe que tirem isso de você, Elias.

Uma Chama Entre As Cinzas se tornou uma leitura super incrível ainda quase no fim do ano passado (levamos um tempo para postar essa resenha =D). Não queria parar jamais! Fico mais tranquila ao saber que a continuação logo estará em nossas mãos! Para quem gosta de fantasia, de livros que mostram que humanos são tão imperfeitos quanto deveriam ser e que tem ação do começo ao fim...corra e comece a ler, agora!!

- O medo pode ser bom, Laia. Pode te manter viva. Mas não deixe que ele a controle. Não deixe que ele semeie dúvidas em você. Quando o medo tomar conta de você, use a única coisa mais poderosa e mais indestrutível para combatê-lo: o seu espírito. O seu coração.

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