A Coroa - Kiera Cass




Sinopse: "Em ''A Herdeira'', o universo de A Seleção entrou numa nova era. Vinte anos se passaram desde que America Singer e o príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria Seleção. Eadlyn não acreditava que encontraria entre os trinta e cinco pretendentes do concurso um companheiro de verdade, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças E agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil - e importante - do que esperava."

Você pode ouvir ao som de:

Princess Of China


Note que essa resenha terá spoilers dos outros livros da saga. Caso não tenha lido e não queira saber, favor voltar apenas quando tiver lido os outros ;D 

Encostei na parede, prestes a desatar a chorar. Nenhuma pessoa é mais poderosa que eu. E, no entanto, nunca tinha me sentido tão indefesa.

O caos começa já com o final de A Herdeira, onde Eadlyn vê seu irmão gêmeo indo embora para a França para poder se casar, sua mãe sofreu um ataque cardíaco e seu pai, Maxon, está totalmente fora de si e preocupado com a esposa, o que faz Eadlyn ter que tomar o controle de tudo, o que é muito mais do que ela esperava.

E é notável a mudança que Eadlyn tem nessa continuação. Ouvi muitas críticas ao livro anterior, por ela ter feito com os leitores o que faz com seu povo: ter criado uma antipatia absurda, se mostrado mimada, prepotente, arrogante e muito segura de si. Tudo o que conhecíamos dela e que foi começando a mudar com o decorrer de A Herdeira, já quase não existe mais aqui. Eadlyn consegue mostrar seu lado mais humano, cheio de dúvidas, de quem olha uma pessoa e vê um todo e não apenas o que seu interesse a deixava notar.

Nada te deixa mais consciente da presença de uma pessoa do que a falta dela.

Preciso dizer que eu entendia, em parte, quem a princesa era. Ela cresceu achando que tinha tudo, poderia conseguir qualquer coisa e, conforme o livro passa, notamos que muito do relacionamento dos pais, todas as barreiras que sua mãe conseguiu derrubar, não eram nada além de segredos para ela. A garota cresceu sem entender uma realidade diferente pois nunca teve isso em sua vida. Alguns podem discordar, claro. Mas é para isso que livros servem. Diferentes pontos de vista são mostrados. E é o que cada escolhido para a Seleção faz com ela. Eles mostram diferentes pontos de ser, de como viver, falar, sorrir ou se magoar com as coisas. E, com sua mãe doente e mais responsabilidades, Eadlyn decide não enrolar tanto em conhecer os garotos e vai afunilando cada vez mais suas escolhas.

Com um povo insatisfeito, sem seu irmão e apoio, sua mãe doente, um pai instável e muitas decisões a tomar, a série começa a se finalizar com uma Eadlyn que toma decisões como sempre fazia, apesar de pensar muito em um todo e não apenas em si mesma. Acompanhamos um enredo que tem a maneira incrível com que Kiera escreve de nos fazer ler tão rápido e com vontade, que queria muito conseguir ir com calma e fazer durar um pouco mais.

Talvez os beijos especiais não sejam os primeiros. Talvez sejam os últimos.

O livro tem momentos mais parados e algumas voltas desnecessárias acontecem. Senti muito a falta de personagens importantes anteriormente. America e Maxon são praticamente nulos e, tudo o que eu esperava do casal reinando e de futuros pais, me decepcionou bastante. Eadlyn se vê praticamente sozinha quando os próprios pais a deixam aguentar um peso absurdo, esperando que ela entenda o que deve fazer. Achei que ao menos alguma conversa mais próxima pudesse ter ajudado a princesa em todo esse caminho difícil, mas, conversas importantes foram deixadas apenas para o final. O que acho uma pena.

Eu teria que me contentar com aquilo. Nada perfeito. Nada feliz. Mas bom. E, considerando todos os erros que tinha cometido pelo caminho, deveria mesmo ser o bastante. 

E no meio desse caos, de não saber onde está se metendo, só me via sentindo que a princesa começava a confiar demais nas pessoas e isso poderia dar muito, muito errado. O bom é que o livro se desenvolve de maneira ok, sem surpresas absurdas, um jeito fofo de finalizar mesmo que para muitos tenha sido previsível, mas meu carinho pela personagem aumentou muito mais conforme o tempo passou e ela foi crescendo internamente.

Acho que algumas eliminações foram acontecendo do nada, por nada. Talvez saber que seriam apenas mais dois livros fizeram tudo acontecer rápido, mas algo me fez sentir que muitas situações foram um tanto quanto vazias. Ainda mais porque quando o importante acontece, você quer saber mais, entender mais, e...bem, é o fim. Tudo se resume a escolhas. A escolha de quem amar, de quem escolher para reinar ao seu lado, de como manter o povo a amando e feliz, e não ser a garota mais individualista do mundo. Um fim ok para uma série que gosto de pensar que teve seu ponto alto com o final do terceiro livro, e os dois outros foram complementos que nos deram aquela satisfação de fazer o mundo da Seleção durar um pouco mais.

Acho que já é tempo de todos nós procurarmos um futuro melhor e mais brilhante.

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