O Quarto de Jack (2015)
O Quato de Jack é um daqueles filmes em que eu desejei muito ter sido capaz de ler o livro antes, porém, não consegui. Tudo bem já que eu não consigo nunca ver todos os filmes que irão concorrer ao Oscar, apesar de fazer disso uma meta. Mas vamos deixar as decepções pessoas de lado ;D e ir direto ao que interessa.
A história é baseada no romance da própria roteirista Emma Donoghue. O filme narra a vida da jovem Joy Newson que, quando tinha 17 anos, foi sequestrada e mantida como refém em um pequeno quarto, onde teve um filho com o seu sequestrador. O menino, Jack, é então criado pela mãe e tem sua vida inteira passada dentro daquele quarto, que se torna seu mundo, seu tudo.
Acho interessante dizer que o filme começa com aquela sensação onde o pequeno quarto é muito maior do que podemos entender. A visão de Jack e sua vida ali mostram que o espaço parece ser suficiente para ele, assim como a dedicação de sua mãe de passar todas as horas do dia de uma maneira bem vivida, pela sua sanidade e a vida do filho. A rotina faz as horas passarem com calma, mas o pequeno Jack parece amar cada instante daquilo. Talvez alguns sintam que a narrativa inteira é um tanto quanto lenta, e eu mesma que não sou grande fã de filmes assim, senti tudo menos tédio. Cada momento do filme te prende de uma maneira incrível.
A segunda parte do filme, depois de um grande acontecimento que prefiro não citar, faz tudo acontecer mais rápido. Eu acho que esse é exatamente o ponto em que a vida de Jack passa a se tornar rápida demais, agitada demais, diferente de tudo o que ele já tinha visto. Não considero a mudança de ritmo algo falho, apenas essencial para entendermos tudo o que o garoto sentia.
"- Estamos em outro planeta?
- É o mesmo, só em um lugar diferente."
Não posso dizer que sou a mais sábia para comentar sobre ritmo de narrativa, mas posso dizer que a escolha dos atores para o filme foi sensacional. Brie Larson, que concorre ao Oscar para o prêmio de melhor atriz, tem tantos altos e baixos no quesito maturidade e infantilidade, que só mostra o quanto os anos dentro do quarto tiraram muito da sua "adolescência" e a fizeram ter que amadurecer para sobreviver e cuidar de uma vida além da dela. A conexão que ela e Jack acabam tendo é uma relação incrível de um filho que tem a mãe como a única pessoa existente além dele, e ela sabendo que ele é tudo o que a mantém inteira.Uma relação que mostra todo o impacto psicológico que a vida dentro de um quarto pode ter em uma pessoa que viveu livre desde que nasceu.
Focando agora no pequeno Jack, Jacob Tremblay merecia ganhar todo e qualquer Oscar na minha opinião. Acho que sempre fico surpresa quando crianças conseguem interpretar tão bem que te fazem crer que elas estão vivendo realmente tudo aquilo. E é exatamente isso o que ele faz. Desde os olhares de surpresa, a primeira vez em que olha o céu, sorrisos sinceros de felicidade, a raiva que ele sente por posições em que sua mãe o coloca, tudo é de uma veracidade tão incrível que eu fico sem ter muitas palavras para descrever. Joan Allen e Willian H. Macy vivem os avós de Jack e é uma participação incrível, sem dúvidas. Aquele lado em que as pessoas do lado de fora também sofreram em todos os anos é muito bem demonstrada com todo o amor e dificuldade em aceitar muitas coisas que vieram como consequência de tudo.
O filme é muito mais do que tudo isso que estou tentando apontar sem contar demais, ainda mais quando a segunda parte do filme foca mais na visão de mundo que o Jack teria, do que focar em toda a batalha pessoal e sentimentos da mãe, que são enormes e muito intensos também. Ainda preciso ler o livro para saber se o mesmo tem toda uma finalização tão boa quanto o filme, o que sabemos que geralmente é o que mais acontece. Já ficará na minha lista de livros à serem lidos. Portanto, um filme que recomendo à todos, até aos que não são muito fãs de dramas, como eu.
"- Você vai amar.
- O que ?
- O mundo!"
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