Eleanor & Park - Rainbow Rowell





Sinopse: Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.


Olá!
E aí estou eu saindo da minha zona de conforto e lendo um romance teen. E não é que o livro foi bem gostosinho de ler?
Como a sinopse diz, acompanhamos dois jovens de famílias bem diferentes, com suas peculiaridades e que acabam se cruzando sempre no mesmo ônibus que os leva para a escola. Eleanor acaba sentando ao lado de Park por não conseguir qualquer outro lugar já que os jovens pareciam bem hostis e nada simpáticos. Park acaba cedendo espaço por não ter ninguém a seu lado, mas todo sério e parecendo nada disposto a fazer isso porque, a primeira vista, Eleanor é estranha. Cabelo bagunçado, roupas remendadas, tudo o que poderia não combinar estava na garota.


"A sensação que a invadia quando estava sentada ao lado de Park no ônibus - aquela sensação de segurança, de que estava a salvo naquele momento-, podia conjurá-la sempre que quisesse. Como um campo de força. Como se fosse a Mulher Invisível."

O desenrolar do livro segue essa rotina, com ambos sentados juntos e Park sendo aquele a começar a abrir mais espaço para Eleanor ao notar que a garota tentava ler com ele os quadrinhos que o mesmo lia sempre no caminho de ida, ou volta da escola. Park começou a virar as páginas com calma, seguindo o ritmo dela até começarem uma troca de quadrinhos e fitas, músicas gravadas que Eleanor poderia ir ouvindo. (Ah, o livro se passa lá pela década de 80, com artistas sendo citados, músicas, filmes, quadrinhos... É puro amor!)



"Sempre que via Eleanor, ele não conseguia mais pensar em se afastar. Não conseguia pensar em mais nada.
A não ser tocá-la.

A não ser fazer qualquer coisa que pudesse ou tivesse de fazer para vê-la feliz."


O bom da amizade que surge entre eles de começo é que Park vai se adaptando a Eleanor, até a ajudando a conseguir pilhas para ela ouvir as fitas que ele mesmo grava, com calma e vontade de apresentar a ela tudo o que ela as vezes sabe de nome, mas jamais ouviu. Tudo para alimentar conversas entre os dois que ambos começam a gostar de ter.

"Só o que faço quando estamos separados é pensar em você, e só o que faço quando estamos juntos é entrar em pânico."


Conforme as páginas vão desenrolando, fica fácil notar que a vida de Eleanor não é fácil. De pais separados, sua mãe vive com um novo namorado, o padrasto de Eleanor e seus pequenos irmãos que é, no mínimo, péssimo. Sua mãe, apesar de ser uma mulher linda, que tem toda uma postura...é claramente submissa a esse tipo de amor que mais parece medo do que um sentimento bom.
E é com tudo isso que podemos notar como a personalidade de Eleanor vai se moldando. Além de todos os problemas na família, o medo que ela tem e o esforço em evitar sequer cruzar com Richie, o padrasto, na escola as coisas não são fáceis por ser a garota nova sem amigos. Sem contar todas as pequenas frases maldosas que sempre vão surgindo em seus livros escolares, totalmente de baixo calão.

"Se ela tinha saudade?
Queria perder-se dentro dele. Amarrar os braços dele em torno dela feito um torniquete.
Se lhe mostrasse quanto precisava dele, ele sairia correndo."


Por outro lado, pelos olhos de Eleanor que acaba conhecendo, vendo e entrando mais na vida de Park, notamos que o garoto vem de uma mãe coreana e pai americano (apesar da família irlandesa), vive sempre nas expectativas que os pais criam, especialmente seu pai que acaba comparando os feitos dele com o do irmão mais novo. Ainda assim, é evidente que nada falta na vida de Park, ainda mais com avós que moram próximos e fazem a família ter uma união bem maior, mesmo que com pequenas atitudes.
Notamos também que Park é bem nerd, mais na dele e poderia muito bem ser o típico aluno alvo de bullying, mas isso não acontece por ser bonitinho e ter crescido perto dos atuais alunos mais "Populares"e que causam problema.

"O mundo se reconstruía como um lugar melhor em torno dele."


Tudo isso é apenas uma base para uma relação que crescerá com calma, de jeito fofo, onde nenhum sentimento parece corrido, onde toques de mãos são quase fogos de artifício e desejos adolescentes vão crescendo, mesmo sem saber quando um beijo pode acontecer.
Na verdade, acho que toda a relação deles é bem fofa e o ritmo com que ela foi descrita me fez apreciar cada partezinha, sem exageros, sem excesso, notando como cada um virava um tipo de válvula de escape para o outro. E não de um jeito ruim. O que cada um oferecia se tornava um complemento muito bom ao tipo de caos interno que cada um tinha e aprendeu a alimentar.



"Na primeira vez em que ele pegou na mão dela, foi tão bom que todas as coisas ruins se afastaram. Essa sensação boa foi muito mais forte do que qualquer dor."


No fundo, acho que o que me prendeu mais no livro foi a cumplicidade que eles tinham, o jeito de tentarem ser sinceros um com o outro, mesmo que alguns fatores externos não permitissem isso totalmente. Park abre as portas de sua vida, casa e família e Eleanor tem apenas a ela mesma para se oferecer, com sua personalidade forte que encanta cada vez mais Park.
Aos poucos, com a chegada do fim do livro, vamos vendo mais dificuldades entre os dois, seja por eles mesmos, por medo, pela família e...bem, pela vida.


"- Só não posso acreditar que a vida nos daria um ao outro pra tirar logo em seguida.
- Eu posso acreditar. A vida é uma droga."


Admito que o final foi algo que me surpreendeu. Novamente, acho que seguiu aquele ritmo de veracidade, algo calmo, algo que foi crescendo e se construindo. Não foi algo cliche, e isso pode ser minha culpa que sempre espera algo assim em livros de romance. Mas foi mais algo como.. outch. Fofo, sincero, real, e que doeu. Não sei como dizer muito sem entregar totalmente as pontas, então irei me controlar.

"Se você mesma não pode salvar sua própria vida, vale a pena alguém salvar?"


Eleanor & Park é um livro simples, sincero, de amizade, respeito, amor. Aquele livro que mostra diferentes pessoas, diferentes vidas, diferentes problemas...e ainda assim ambos conseguem sentir o mesmo e entender como um completa o outro, no tempo que durar.
Eu indico para todas as pessoas que procuram algo simples, que traga aquela pequena esperança na humanidade, com dose de realidade <3

"Ele parou de tentar trazê-la de volta.
Ela só voltava quando bem entendia, em sonhos e mentiras e déja-vus partidos"

Comentários

Postagens mais visitadas