Quem é você, Alasca? - John Green




Sinopse: Miles Halter estava em busca de um Grande Talvez. Alasca Young queria saber como sair do labirinto. Suas vidas se colidiram na Escola Culver Creek, e nada nunca mais foi o mesmo.
Mas antes, um breve resumo de como tudo aconteceu:
Miles Halter vivia uma vidinha sem graça e sem muitas emoções (ou amizades) na Flórida. Ele tinha um gosto peculiar: memorizar as últimas palavras de grandes personalidades da história. Uma dessas personalidades, François Rabelais, um escritor do século XV, disse no leito de morte que ia em “busca de um Grande Talvez”. Para não ter que esperar a morte para encontrar seu Grande Talvez, Miles decide fazer as malas e partir. Ele vai para a Escola Culver Creek, um internato no ensolarado Alabama.
Lá, ele conhece Alasca Young. Ela tem em seu livro preferido, "O general em seu labirinto", de Gabriel García Márquez, a pergunta para a qual busca incessantemente uma resposta: “Como vou sair desse labirinto?” Inteligente, engraçada, louca e incrivelmente sexy, Alasca vai arrastar Miles para seu labirinto e catapultá-lo sem misericórdia na direção do Grande Talvez. Miles se apaixona por Alasca, mesmo sem entendê-la, mesmo tentando sem sucesso decifrar o enigma indecifrável de seus olhos verde-esmeralda. 

Ouvir ao som de: 

Skylar Grey - Coming Home (Part 2)



Primeiro livro publicado pelo autor, o mesmo já teve várias edições e várias capas, finalizando com uma edição comemorativa de 10 anos com alguns conteúdos extras.

Foi meu terceiro livro lido do John Green e preciso dizer com sinceridade, me deixou com sentimentos misturados entre gostar e odiar cada personalidade contida nos personagens do livro.

João Verde, como eu e muitos outros o gostamos de chamar carinhosamente, tem o dom de criar personagens que são meio "excluídos" e "diferentes". Dessa vez, acompanhamos Miles que fica em casa lendo muitas biografias só para continuar alimentando a mania de conhecer as últimas frases de cada pessoa.
E à partir dai rola toda a mudança em seu cérebro. Devido à uma frase, Miles resolve se mudar e recomeçar a vida em um internato. Não que tudo tenha saído muito bem desde a sua partida, pois apenas duas pessoas compareceram à sua festa de despedida. Ele sentia que tinha que partir direito, recomeçar totalmente e da maneira certa. E ainda por cima, essas duas pessoas não eram em nada legais. Com isso, nosso personagem acaba tendo a certeza de estar tomando boas decisões.

Assim que chega na escola, somos apresentados ao seu amigo de quarto, Chip. Aos poucos conseguimos entender e pegar amor pelo garoto que tem um bom coração. Chip tem sua mania de decorar países e capitais e acaba sendo conhecido pelo apelido de Coronel. Miles acaba sendo apelidado de Gordo, já que é o oposto disso. E é por Coronel que Miles acaba conhecendo Alasca, e claro, se apaixonando pela garota misteriosa.

"Você não pode me mudar e depois ir embora."

O livro é repleto de personagens tentando encontrar a própria personalidade, o que me fazia pensar que muitos eram super maleáveis e se deixavam levar conforme as coisas iam acontecendo. Mas, não acho que eu poderia exigir muito de adolescentes, certo? O livro tem aquele tipo de humor que o autor mostra sempre em outras de suas obras, com aquela pitada de caminhos que se seguem em mil direções e não encontram exatamente um fim.

“O que significa ser uma pessoa? Como passamos a existir e o que será de nós quando deixarmos de existir? Em suma: quais são as regras deste jogo e qual é a melhor maneira de jogá-lo?”

Se tem algo que me deixou confusa nesse livro, bem...não sei citar. Muita coisa. Acho que é necessário deixar a curiosidade rolar, pegar o livro na mão e arriscar cair no mundo ao qual o autor nos leva. Porém, conseguimos pegar um pouco da vida de cada personagem, sim. Como o Coronel e sua vida de garoto pobre que sabe o que é não ter um lar, mas é inteligente e consegue viver em um colégio interno para conseguir ajudar a sua mãe de alguma maneira. Temos Alasca, que perdeu sua mãe cedo demais, sendo aquela a ver o momento em que isso acontecia. E Miles, que sempre sofreu um certo bullying na escola. E é com todos esses problemas que temos aquela certeza de que os personagens irão crescer, evoluir, desenvolver seus problemas sozinhos ou com a companhia do outro. Certo? Não muito. Eles bebem muito, fumam demais, fazem pequenos trotes e Miles está sempre preso em seu amor platônico. Talvez por isso uma das capas tenha a famosa fumaça de cigarro estampada.

"Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em como será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente."

Não vou citar o drama que o autor coloca nesse livro, mas é um fato grande, sim. E qual o motivo disso acontecer? Talvez mostrar o lado mais depressivo de um dos personagens e como isso terminou. Mas os reais motivos e como isso influenciou os outros ao redor não são coisas que se revelam.
Particularmente, eu não entendi muito bem a necessidade de ir tão longe sendo que as voltas que os personagens dão são as mesmas e não evoluem totalmente. Alguns dizem que a normalidade com que esse fato aconteceu é bom, porque nem tudo na vida tem que ter um peso. Nesse caso, preciso discordar. A trama inteira te leva à crer que tudo acontece por algum motivo, que o labirinto ao qual eles todos acabam se encontrando terá uma saída. Mas as coisas ficam muito na mesma. E ainda senti que os personagens não te cativam o suficiente, com toda aquela falta de personalidade e lado negativo que os ronda. E Alasca...o quê falar da garota que ia de louca à calma, de achar a vida suportável à mostrar um caos interno absurdo? Não posso nem dizer que toda essa personalidade dela era bem trabalhada, se eu acabei gostando dela ou a odiando profundamente. Como disse, o livro segue muito esses altos e baixos.

"Tantos de nós teríamos de conviver com coisas feitas e deixadas por fazer naquele dia. Coisas que terminaram mal, coisas que pareceram normais na hora, porque não tínhamos como prever o futuro. Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de consequências que resultariam das nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais, quando perceber é inútil."

Não acho um livro ruim, não mesmo. Mas ainda acho que poderia ter tido um caminho diferente e muito melhor trabalhado. Se você ainda não conhece essa obra do autor, arrisque. Caso seja de interesse também, o mesmo terá adaptação cinematográfica. Os direitos foram comprados em 2005 pela Paramont, com o roteiro sendo escrito por Josh Schwartz, criador de ”The O.C”, mas tudo isso ficou apenas na ideia. Depois do sucesso de  ”A Culpa é das Estrelas”, e uma audiência boa com "Cidades de Papel", Sarah Polley, que dirigiu “Histórias Que Nós Contamos”, pode ser responsável pelo novo roteiro do filme.

“Eu queria ser seu último amor. Mas sabia que não era. Sabia e a odiava por isso. Eu a odiava por não se importar comigo. Eu a odiava por ter me deixado naquela noite. E odiava a mim mesmo por tê-la deixado ir embora, porque, se eu tivesse sido suficiente, ela não teria querido ir embora. Simplesmente teria se deitado comigo, conversado e chorado. E eu a teria ouvido e teria beijado as lágrimas que caíam dos seus olhos.”

Não resumiria o autor como sendo alguém que trás sempre mais do mesmo. Mas, o livro não surpreende totalmente porém se torna uma leitura até que fluída e que não te faz sentir que foi uma total perda de tempo. Se eu tivesse como dar estrelas para os livros, de 1 à 10, daria 7 para o mesmo ;D

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